John Textor participou de entrevista em podcast para o Talk Sport do Reino Unido, apresentado por Jim White and Simon Jordan - Foto Reprodução Youtube
Em entrevista ao podcast “TalkSPORT”, do Reino Unido, John Textor se pronunciou pela primeira vez sobre a demissão de Renato Paiva do Botafogo. O acionista da SAF revelou o real motivo e como a decisão foi tomada após a eliminação para o Palmeiras nas oitavas de final do Super Mundial de Clubes.
Assista abaixo:
– Por que demitimos Renato Paiva depois que ele acabou de vencer o PSG? Ele quebrou os próprios princípios. Ele se afastou do seu plano. Nós o contratamos porque ele tem uma espécie de cinco linhas verticais de espaçamento. Ele é um treinador posicional. Ele é muito bom em educar os jogadores sobre onde se posicionar em campo em diferentes momentos e em diferentes terços. E aí, sinceramente, nossos fãs deram uma surra nele lá embaixo. É muita pressão lá embaixo. Começou a quebrar os princípios dele, começou a ficar na defensiva. Estávamos jogando na defensiva. Deveríamos ter vencido o Atlético de Madrid. Deveríamos ter vencido o Palmeiras. Somos um time melhor que o Palmeiras. Quando ele quebra os próprios princípios…. E isso foram dez jogos de desenvolvimento. A decisão foi tomada ao longo de dez jogos – explicou Textor.
– Eu disse a ele, treinador, qual foi o melhor jogo que você já jogou na sua vida como treinador? Ele disse, bem, PSG. Eu pergunto: qual você acha que foi o meu melhor jogo como dono? E ele começa a olhar. E eu digo: PSG. Eu pergunto: mas aqui não é o PSG. Vocês vão jogar contra o Palmeiras hoje. É hora de jogar futebol. Então, vão lá e detonem, certo? O que a gente faz? Ficamos sentados assistindo eles avançarem. Então, durante dez jogos, ele ficou cada vez mais na defensiva. Ele estava quebrando seus princípios. E quando você quebra seus princípios, você tem que ir embora – argumentou.
John Textor garante que não toma decisões apenas da sua cabeça e contou o que quer do Botafogo Way.
– É, bom, nós ganhamos taças, não é? Eu não tomo essas decisões individualmente. Se todo o departamento de futebol vier até mim e disser que precisamos tomar uma decisão sobre esse técnico, nós a tomaremos. É isso aí. Eu não apareço de repente e demito pessoas. Isso aconteceu ao longo de dez jogos. Pudemos ver a trajetória do treinador mudando. Acho esse cara um treinador incrível, o Paiva. Mas, no próximo trabalho, ele precisa se manter fiel aos seus princípios. Ele não pode deixar a torcida gritando no Brasil. Quer dizer, eles são brutais. Tentei fazer isso (demitir pessoalmente) diretamente, mas achei que seria muito rude fazer isso antes de voltar para o avião, voltando da Copa do Mundo – declarou.
– Eu tenho que julgar as pessoas com base no que você me trouxe. Você está se mantendo fiel aos seus princípios? Você está executando seus princípios? Porque toda a organização está tentando se formar em torno de um técnico e chegar a um acordo. Claro. Você está recrutando jogadores no Botafogo, com perfil inteligente, técnico e rápido. Rápido com a bola, rápido com os pés. Queremos que a bola se mova loucamente. Queremos que a defesa fique atordoada, desorientada. Queremos conseguir criar espaços, certo? Essa é a nossa filosofia, o Botafogo Way. Então, estamos todos de acordo com isso. E quando o treinador chega, e ele concorda, e nós o contratamos, e há uma partida, e aí ele começa a ir na contramão. Todo o departamento de futebol vem até mim e diz: temos que fazer alguma coisa. Eu fiz – completou.
Leia outras respostas de Textor sobre relação com treinadores:
Colaboração
– Eu não escolho o time, mas tenho a autoridade final. O que eu faço é forçar a colaboração. Acho que algumas das melhores pessoas do futebol são os mais tímidos da sala. Eu prefiro scout, não diretores esportivos. E acho que os scout são os caras com as vozes mais baixas às vezes. Estou falando da seleção de jogadores. Os olheiros escolhem um time. Eu os vejo brigando. Nós nunca brigamos. E o que eu faço é forçar a colaboração amorosa dessas pessoas para que trabalhem juntas. E as respostas muitas vezes se tornam meio óbvias. E o dono, no fim das contas, tem que dizer, depois de ouvir tudo dos caras do futebol, que estamos escolhendo aquele cara por esse motivo.
Importância do plano de jogo
– Agora, quanto à gestão das equipes, tenho um plano bem simples. Você contrata alguém com base na visão dele. Ela combina com a sua? Ele joga o tipo de futebol que você quer que jogue com você? Mas a questão é a seguinte: se você os contrata porque eles contam sua filosofia e seu plano, então eu quero vê-los implementá-lo. Então, o que eu peço antes de cada jogo é um plano de jogo completo. Quero que eles se antecipem ao adversário. Eles escrevem “É isso que o oponente vai fazer. É isso que nós vamos fazer. É assim que vamos responder”. E eu olho para isso. Eu leio. Não falo com ele sobre isso. E digo uma coisa: “Ótimo. Obrigado. Divirta-se”. Digo isso antes de qualquer jogo. No final do jogo, eu nunca ligo para ele logo no final. Eu não grito. Eu não fico chateado. Alguns dos meus melhores jogos como dono foram derrotas, porque vejo os times fazendo o que o técnico quer. E aí, talvez um dia depois, o que eu digo? É o que eu digo. Divirta-se saindo disso. O que eu aprendi? Assim perdemos um jogo por 2 a 0 para o Santos no primeiro ano do Luís Castro. Nossos torcedores ficaram putos. Saí de lá muito feliz. Foi um jeito. Foi a primeira vez que o vi meio que implementando seu plano. Então eu vejo o plano dele. Eu o responsabilizo pelo seu plano.
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