Alexander Barboza e Antoine Griezmann no Estádio Rose Bowl durante Atlético De Madrid x Botafogo em 23/06/2025 - Foto: Patrick T. Fallon / AFP
O fundo de investimentos Norte-americano Apollo Global Management (por meio de sua divisão especializada em esportes, Apollo Sports Capital) deu um passo relevante ao anunciar que se tornará acionista majoritária do clube espanhol Atlético de Madrid.
Simultaneamente, a Apollo está avaliando oportunidades no futebol latino-americano — com a compra do Atlético San Luís, do México, no foco imediato, e que poderia ter o Botafogo, do Brasil, como um alvo futuro em meio a um cenário instável de propriedade e disputas entre os atuais investidores e credores, John Textor vs Eagle Holdings BidCo, Ares Management Corporation e Iconic Sports.
El Atlético de Madrid incorporará a Apollo Sports Capital como accionista mayoritario
— Atlético de Madrid (@Atleti) November 10, 2025
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Na segunda-feira 10 de novembro de 2025, o Atlético de Madrid anunciou que a Apollo Sports Capital “se tornará acionista majoritário” do clube, em parceria com os acionistas existentes — Miguel Ángel Gil (CEO) e Enrique Cerezo (presidente) permanecerão à frente da gestão e como sócios minoritários.
O Atlético De Madrid será valorizado em cerca de €2,5 bilhões (cerca de 15,1 Bilhões de Reais) A Apollo entra como parceiro de longo prazo, com o propósito declarado de reforçar a posição competitiva do clube, ampliar investimentos em infraestrutura (o projeto “Ciudad del Deporte” junto ao estádio) e transformar a operação além do campo.
A conclusão da transação está sujeita a aprovações regulatórias e é esperada para o primeiro trimestre de 2026.
Como a Apollo Sports Capital via Apollo Global Management negociou e adquiriu as ações que eram da Ares Corporation Management e outros acionistas?
A estrutura acionária do Atlético de Madrid antes da transação era: via Atlético HoldCo detinha cerca de 70 % do clube, sendo que desta parcela aproximadamente 50,8 % era de Miguel Ángel Gil Marín, cerca de 34 % de Ares Management, e 15,2 % de Enrique Cerezo.
Em setembro de 2025 foi anunciado que a Apollo estava em negociações para adquirir participação majoritária, incluindo a possibilidade de comprar parte das ações detidas por Ares Management.
Como a participação da Ares foi reduzida
Quando o anúncio oficial feito nesta segunda-feira 10/11, a Apollo Sports Capital anunciou que se tornaria acionista majoritária do Atlético de Madrid, em acordo com os principais acionistas, incluindo a Ares.
Fontes da imprensa espanhola indicam que após a transação, a participação da Ares Management ficará em cerca de 5% do Atlético De Madrid.
Assim, a Apollo, ao assumir cerca de 55 % do clube, efetivamente comprou e diluiu parte das participações anteriores — inclusive a de Ares — diminuindo a fatia desta última de ~34 % para ~5 %.
O papel da Ares agora será como investidor minoritário, mantendo presença, mas com controle muito reduzido.
A redução da participação da Ares Management marca uma mudança relevante no controle do Atleti: a Apollo passa de investidor minoritário para acionista majoritário.
Para a Ares, isso significa que ela recebeu liquidez e aceitou ceder participação para permitir a entrada de um investidor com maior escala (a Apollo).
Do ponto de vista estratégico da Apollo, essa manobra permite assumir controle maior sobre decisões e valor futuro do clube, enquanto os acionistas anteriores (incluindo Gil Marín, Cerezo e Ares) mantêm participação residual.
Essa operação mostra claramente que a Apollo entende o futebol como ativo estratégico — não apenas como clube, mas como plataforma de infraestrutura, marca global, experiência de torcida e uso de território (terreno, estádio, multiserviços) para gerar valor.
Em paralelo, a Apollo encaminhou a compra e vai adquirir o pacote acionário do Atlético San Luis, da Liga MX.
Para a Apollo, ter um clube no México representa um mercado muito atrativo — grande base de torcedores, a forte presença de latinos-americanos nos EUA, e com a Copa do Mundo de 2026 na co-organização, perspectivas de crescimento comercial acelerado e alta.
A Apollo Sports Capital também olha com bons olhos para o futebol brasileiro, e procura um clube que é SAF no Brasil, como o Botafogo poderia ser o escolhido?
No Brasil, o cenário de clubes com estrutura de acionistas ou investidores estrangeiros ainda é mais complexo — há regulações, além de uma tradição de clubes-sociedade limitada ou associações. Entretanto, o Botafogo de Futebol e Regatas aparece como um candidato interessante no momento atual, por dois motivos principais:
A atual disputa societária: existe um ambiente de conflito entre o empresário John Textor (com a Iconic Sports), a Eagle Football Holdings BidCo e a Ares Management Corporation em relação ao controle ou influência no clube, além de dívidas na SAF Botafogo.
A Apollo poderia ver no Botafogo uma porta de entrada no mercado brasileiro, utilizando a estrutura já existente de capital estrangeiro, marca histórica, torcida relevante, e a possibilidade de profissionalização e injeção de capital para crescimento internacional.
Do ponto de vista estratégico, seria coerente para a Apollo: replicar o modelo visto no Atlético de Madrid (investimento em clube + infraestrutura + internacionalização) adaptado à realidade brasileira.
Pontos positivos para a Apollo investir no Botafogo:
Marca histórica: o Botafogo está entre os clubes de maior expressão no futebol brasileiro, com história, torcida e visibilidade internacional.
Reestruturação societária em curso: o conflito de Textor × Iconic Sports × Ares e Eagle BidCo indica que há uma janela de oportunidade para um investidor externo negociar fatia ou controlar a SAF Botafogo.
Potencial de crescimento comercial: exposição internacional, direitos de mídia, engajamento de torcida, Naming Rights (Nome de domínio) no Estádio Nilton Santos, e possivelmente explorar infraestrutura (CT, academias, categorias de base) são alvos coerentes com o portfólio da Apollo.
Riscos e desafios:
Complexidade regulatória brasileira: aquisição ou controle de clubes no Brasil exige atenção às regras de sociedades esportivas, governança, aprovados pelos organismos nacionais.
Cultura e identificação dos torcedores: muitos torcedores brasileiros reagem mal quando percebem perda de identidade ou controle por “fundos estrangeiros” além de promessas não cumpridas, como John Textor fez por todo este ano de 2025.
Situação financeira do clube: eventuais passivos, contratos, estrutura de governança precisam estar sanados para que o investimento tenha retorno.
Concorrência e ambiente adverso: caso o Botafogo não apresente plano claro ou a disputa societária se prolongue, a Apollo pode decidir não entrar, investindo em outras futuras SAFs.
Com a sua entrada no Atlético de Madrid, a Apollo mostra que está disposta a operar no futebol em alto nível — investindo não apenas no clube, mas na infraestrutura, no ecossistema de fãs, no real-estate e em expansão global.
Com a Apollo seguindo para o México ao estar praticamente fechado com Atlético San Luis, e caso venha avançar no Brasil com o Botafogo, estaríamos diante de uma estratégia de clube global, talvez focada na América Latina como próximo fronteira.
Para o Botafogo, a chegada de um parceiro como a Apollo poderia significar capital, profissionalização e ambição internacional — mas isso dependerá de boa negociação, alinhamento entre as partes interessadas e respeito à identidade do clube.
Embora não haja valor público específico de mercado recente para a SAF do Botafogo, podemos construir uma estimativa referencial:
Receita projetada ~R$ 483 milhões para 2024. Se o investidor aplicar múltiplo modesto (por exemplo 3-4× receita) devido ao risco Brasil, isso sugeriria valor de ~R$ 1,4 - 1,9 bilhões.
No entanto, considerando dívidas, necessidade de capital de giro, turbulência societária — o múltiplo pode ser menor (por exemplo 2×) → ~R$ 960 milhões.
Por isso, um investidor como a Apollo poderia buscar ~R$ 1 bilhão como faixa de aquisição ou investimento de capital.
Além disso, se o investidor buscasse fatia majoritária, poderia haver prêmio de controle que eleva o valor.
Cenários de entrada para a Apollo
Cenário Conservador: compra uma participação minoritária (por exemplo 30-40%) com opção futura de controle, injetando capital de modernização e internacionalização.
Cenário Agressivo: compra controle majoritário (50%+), assume governança, reestrutura o clube, implementa modelo similar ao Atlético de Madrid (infra + marca + globalização).
Cenário Internado: apenas entra como parceiro estratégico (capital de expansão, infra) sem assumir controle imediato, aguardando consolidação do ambiente societário.
Potenciais fontes de retorno para a Apollo
Venda futura do clube ou de várias unidades (caso rede multi-club) com valorização.
Monetização de infra (estádio, zona de entretenimento, real estate adjacente).
Aumento de receitas com globalização da marca, direitos de mídia internacionais, licenças de produtos.
Criação de plataforma (ex: hub de futebol América Latina) com efeitos de escala.
Para que uma operação da Apollo no Botafogo seja bem-sucedida, futuramente, os seguintes fatores são chave:
Clareza na governança: definir contratos de investimento, estrutura acionária, direitos dos minoritários (torcida/associados), deveres de transparência.
Capital de longo prazo: ter paciência e visão de 5-10 anos — modernização de infra, marca, academias, etc.
Proteção da identidade do clube: respeitar a história, a torcida, manter comunicação ativa para evitar reação negativa.
Controle de custos e dívidas: antes de injetar capital pesado, saneamento é importante para evitar surpresas financeiras.
Alinhamento com o mercado latino-americano: aproveitar sinergias entre México, Brasil, e possivelmente outros mercados para aumentar escala.
Saída ou plano de retorno claro: seja venda futura, IPO, monetização de infra — esse plano deve estar antecipado.
Com informações Apollo.com e Fox Sports México
