Começar o desafio na estreia da Copa do Mundo de Clubes 2025 não é um problema para Renato Paiva. O Botafogo enfrenta o Seattle Sounders neste domingo, às 23h (de Brasília), em Seattle, e para o técnico alvinegro, o time tem que aceitar a ansiedade naturalmente.
Veja abaixo:
Em coletiva de imprensa realizada ontem 14/6, o técnico Renato Paiva diz que o Botafogo no jogo de hoje contra o Seattle Sounders, precisa ter a identidade já conhecida: ¨Temos que ser nós próprios¨.
— Gazeta Botafogo ⭐📰 (@agazetabotafogo) June 15, 2025
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— Eu escuto muitas vezes as pessoas falarem isso, da ansiedade, como é que vamos fazer com a ansiedade? Vamos aceitá-la naturalmente. É a primeira competição que se faz deste gênero, é o primeiro Mundial de Clubes, estão aqui 32 equipes, estamos numa elite do futebol mundial, como é que não vai haver ansiedade? Realmente vai haver ansiedade, e eu acho que a melhor forma de controlar a ansiedade é saber viver com ela, e é saber que ela existe, não é estar um elefante na sala e você dizer que está tudo bem.
— É não mudar o trabalho que estamos fazendo e que está fazendo os jogadores crescerem. É sermos nós próprios. Nosso desafio é, independentemente de quem esteja do outro lado, respeitarmos a nós mesmos. Respeitar o nosso torcedor, a identidade do clube e os jogadores. É pôr em prática o colocamos desde o primeiro dia. Eles sabem o que têm que fazer nas diversas fases do jogo. Quando a bola rolar, eu sou sincero, acabou a ansiedade. Acabou o que é externo. O treinador é igual.
Renato Paiva disse que aproveitou tudo que pôde fazer nas cinco sessões de treinos que teve nos Estados Unidos. O técnico disse que usou o tempo para apresentar as ideias de jogo aos reforços do Botafogo neste período e para reforçar os trabalhos com quem já estava no clube.
— Para quem treina tão pouco, tudo foi aproveitado de fato nestes cinco treinos que nós fizemos para relembrar algumas coisas que se estavam se perdendo e que se notavam nos jogos, em especial que íamos fazendo no Brasileirão. Algumas coisas do nosso jogo, comportamentos que se estavam se perdendo por falta de treino. E nós agora podemos focar essencialmente no nosso jogo, naquilo que nós queremos — disse Paiva, que completou:
— Até porque chegaram os jogadores novos e precisamos exatamente trabalhar esses detalhes, reforçá-los com os que aqui já estavam e apresentá-los aos que chegaram, para que nós amanhã possamos ser nós mesmos.
O técnico disse que o clima no elenco está muito bom para a competição. Paiva brincou que os jogadores estão tão felizes para treinar que às vezes tem que cortar alguns atletas por questões físicas.
— Esse é o nosso maior objetivo, é sermos nós mesmos amanhã. Portanto, feliz, muito feliz por voltar a treinar, por voltar a ver os meus jogadores desfrutando o treino. Porque eles são de fato grandes profissionais e gostam de treinar até demais. Às vezes têm de cortar alguns por causa das questões físicas, mas de fato feliz por voltar aos treinos e por ter tempo para preparar os jogos.
Mas Paiva não se desprende do presente. O técnico não projeta "sonhos" na competição e garante que o pensamento está cem por cento na primeira partida contra o Seattle, sem pensar ainda nos confrontos contra Atlético de Madrid e PSG.
— Eu entendo a pergunta, mas eu não sonho. Eu pouco durmo, imagina sonhar. Eu defino objetivos e trabalho por eles. Não tenho sonhos. Meu objetivo imediato é chegar aqui amanhã é ganhar, de preferência com uma boa atuação. Não adianta pensar no PSG se não vencermos amanhã. Isso tudo é muito real e temos que ser reais e verdadeiros. Temos que vencer o jogo e se possível jogando bem.
Veja outras respostas do técnico na coletiva
Se dá mais importância para o torneio continental do que ao Mundial na Europa, em relação à América do Sul?
— Esta é uma competição que não dá para comparar com a Taça Intercontinental porque o europeu só fazia dois jogos. Aqui há uma fase de grupos, então tem uma regularidade. É incomparável. Na Europa, conversando com colegas do meus país, a ambição é enorme por essa competição, é a primeira vez que acontece. Não dá para comparar. Todos querem ganhar. Quem parou, deu uns dias de pausa e já voltou a treinar. Não tem uma equipe que olhe para esse evento e diga que isso é pré-temporada. Todos estão focados.
O treino iguala as forças?
— Claro. Enquanto fanático do treino, eu sou o que mais acredita no treino, acho que influencia muito em tudo. Podemos buscar o exemplo do Rafael Nadal, é um esporte individual. Treina cinco a seis horas por dia... Temos que colocar 11 jogadores a pensar a mesma coisa com e sem bola. Imagina o trabalho que dá? Temos que passar comportamentos motores e físicos. É repetir, repetir, repetir para que se torne algo automático. Tenho 23 anos de treinador e já passei por vários clubes e várias fases.
— A cada dia que passa acredito mais no treino. Essa semana eu vi que minha equipe voltou a fazer comportamentos que tinha perdido. Nós sofremos dois gols contra o Ceará por comportamentos que tínhamos deixado de treinar. Foram comportamentos que treinamos durante um tempo, mas deixamos depois. Não é uma queixa, é uma constatação. Eu trabalho no Brasil com muita felicidade.
Satisfação pessoal de estar na competição e estar ao lado de grandes técnicos:
— Não gosto de falar muito de mim porque é um esporte coletivo, e os jogadores estão acima de mim. Acima de todos, está o Botafogo. Hoje acordei com uma mensagem de Portugal que me emocionou bastante. Falava sobre o Renato que viam há anos na base do Benfica, que me acompanhavam desde sempre. Quando olha para trás, você vê que começou no sub-10, sub-14, em campos de areias... Quando comecei ali, eu tracei um objetivo na minha carreira que era chegar nesse patamar de competição. Hoje acordei com essa mensagem para desfrutar. Não é mais o Renato dos meninos do Benfica, é o Renato de alguns títulos, com uma trajetória bonita e que está em um gigante do futebol mundial. Eu olho para trás com alguma nostalgia, orgulho e pensando em tudo o que me privei, em questões familiares, de estar de férias fazendo estágio... Todas as dificuldades que tive para estar aqui... Valeu a pena. Valeu muito a pena. Esse desfrutar é limitado, eu tenho que treinar uma equipe. Custou, doeu, mas valeu a pena.