Em seu site oficial, John Textor responde Jean-Marc Mickeler presidente da DNCG, através de comunicado dizendo que órgão forçou mudança de gestão do Olympique Lyonnais; ¨Textor acrescentou que renunciou pelo bem do clube¨


    
John Textor e Jean-Marc Mickeler - Foto Reprodução


Acionista majoritário da SAF do Botafogo, John Textor publicou um longo comunicado em seu site oficial nesta quarta-feira (23/7) em resposta a uma entrevista do presidente da DNCG (Direção Nacional de Controle de Gestão), Jean-Marc Mickeler, ao jornal francês “L’Équipe“.


Mickeler afirmou que Textor foi o presidente de clube francês com o qual a DNCG mais dialogou e disse que o empresário norte-americano foi avisado por diversas vezes sobre a necessidade de injetar dinheiro para acertar a situação do Lyon.


– Fomos muito claros em nossas comunicações. Alertamos sobre a necessidade de injetar uma quantia significativa de dinheiro nos anos seguintes à aquisição. Acreditávamos que ele havia entendido. Em dezembro, percebemos discrepâncias relevantes entre o que havia sido apresentado em junho e o orçamento revisado no outono. A confiança foi se deteriorando gradualmente – afirmou Mickeler.


No comunicado divulgado nesta quarta, Textor disse que precisou renunciar ao comando do Lyon para que o clube não seguisse punido e afirmou que a DNCG atuou diretamente para mudar a gestão do clube francês. De fato, quando ele saiu, o Lyon conseguiu reverter o rebaixamento e se manter na Ligue 1.


Veja abaixo o comunicado divulgado por Textor:

“Aos torcedores de futebol na França:


Como ficou claro pelo meu silêncio nas últimas semanas, abstive-me de participar do debate público sobre como nosso grande clube poderia ter sido rebaixado, para que tivéssemos a melhor chance de reverter um dos atos mais extremos de intervenção de órgãos dirigentes na história do futebol europeu. Eu me controlei para ignorar a montanha de imprecisões que cercaram esta história, mesmo quando tais imprecisões desafiaram meu caráter e minha integridade, pois sempre soube que a verdade da nossa história compartilhada seria, em última análise, vista em preto e branco, e não nas palavras mal informadas das mídias sociais e do jornalismo oportunista.


Continuo comprometido com a mudança de liderança no OL, versões das quais eu já havia proposto internamente, bem antes de 24 de junho. Ficou claro há algum tempo, desde a minha saída do nosso antigo líder, que eu enfrentaria desafios contínuos de aceitação da minha controversa assunção à liderança no OL, e que essa corrente de oposição consistente e agressiva seria para sempre um problema para o nosso clube e seus torcedores.


Além disso, inteiramente por minha iniciativa, nas discussões sobre governança lideradas pela Federação Francesa de Futebol, fui um claro defensor da reforma, recomendando uma mudança para um modelo de governança corporativa comercialmente lógico, como o da Premier League, que aumentaria a viabilidade internacional e as receitas do futebol francês. Nesses painéis de discussão, questionei abertamente o papel da DNCG, um painel subjetivo de empresários voluntários, sugerindo sua substituição por um conjunto de regras claras e precisas que seguissem princípios contábeis universalmente aceitos, assim como vemos na liga de maior sucesso comercial do mundo.


É claro que, em retrospectiva, foi um erro enorme acreditar que este fórum da FFF fosse realmente uma discussão sobre reformas benéficas. A ideia de que eu defenderia a abolição e substituição da DNCG, quando nosso clube estava (injustamente) em uma posição tão precária com esse mesmo órgão, foi simplesmente imprudente. Nunca imaginei que a DNCG se afastaria tão materialmente dos princípios aceitos de “continuidade operacional” e análise de sustentabilidade, a ponto de emitir uma das opiniões mais punitivas sobre a comunidade de Lyon, em grande parte (acredito eu) para servir aos interesses protecionistas de indivíduos e forçar uma mudança na liderança do nosso clube. O presidente, em sua entrevista, quase diz a mesma coisa: que o rebaixamento era necessário para mudar nosso modelo de negócios e nossa liderança. Mesma propriedade, liderança diferente, na qual ele (Jean-Marc Mickeler) poderia “confiar”, como a figura mais importante do futebol francês – um presidente da DNCG que agora justifica o rebaixamento de um clube e de sua comunidade com base em seu sentimento pessoal de “confiança”.


Em resposta à entrevista do Presidente à RMC, meus comentários no Instagram permanecem precisos:


“História revisionista para justificar a punição de uma comunidade, apenas para satisfazer o ego dos homens. O presidente usa o poder irrestrito da DNCG para forçar a mudança de liderança de um clube, descartando fluxos de caixa confiáveis e contratualmente seguros, para impor suas visões pessoais de sustentabilidade financeira.


Fato: em 20 de maio, após ver nosso plano, ele disse: “O rebaixamento está fora de questão… 50 milhões é um pedido, mas não uma exigência”.


24 de junho: ele conta 240 milhões de fluxo de caixa confiável como “zero” e diz que deveríamos ser rebaixados.


Eu não fui removido. Eu renunciei pelo bem do clube, porque a mensagem era clara. O presidente, e seus amigos, queriam a demissão do Cowboy reformista e não havia mais nada que eu pudesse fazer para impedir o sacrifício bárbaro da comunidade de Lyon. Falando apenas por mim, os torcedores do OL C devem saber que seu clube sempre foi sustentável e que os acionistas da Eagle sempre estiveram lá, mesmo que nossos fluxos de caixa multiclubes fossem insuficientes. No fim das contas, como sou um defensor da reforma, diante de órgãos dirigentes que não querem reformas, a mudança de liderança é muito boa para o OL – e seu clube continua em ótimas mãos.”



É claro que os comentários acima exigem um pouco de matemática para serem justificados, e tenho certeza de que a matemática da nossa submissão original ao DNCG se tornará transparente com o tempo… mas, em resumo, não é possível receber “luz verde” em 20 de maio, seguido pelas punições mais extremas em 24 de junho.


Contrariando os princípios das “avaliações de continuidade operacional”, os auditores da DNCG romperam com os padrões de auditoria universalmente aceitos, invalidando arbitrariamente 70 milhões de euros em receitas contratadas, 120 milhões de euros em fluxos de caixa historicamente comprovados da Eagle/Botafogo, 100 milhões de euros em receitas recorrentes com transferências de jogadores, 55 milhões de euros em cartas de compromisso de apoio de acionistas respeitados, 40 milhões de euros em reservas prometidas pela venda do Crystal Palace… até mesmo o acréscimo de 55 milhões de euros em caixa, em meados de junho, proveniente de uma injeção única de capital e da venda de um jogador-chave. Simplesmente não há como, em qualquer país, ou em qualquer auditoria IFRS ou GAAP, um auditor não “aprovar” uma “análise de continuidade operacional” com fluxos de caixa tão obviamente acessíveis.


Se se tratasse realmente de “confiança”, então parece (ironicamente) que sempre deveríamos ter sido confiáveis – porque prometi que o principal acionista, a Eagle Football Holdings, sempre seria capaz de apoiar a sustentabilidade do Olympique Lyonnais. Prometi que os acionistas da Eagle sempre teriam a capacidade de apoiá-lo, como demonstravam suas cartas de compromisso – e, no final, essas mesmas promessas se concretizaram, e a Eagle Football Holdings financiou os fundos prometidos para vencer o recurso.


Promessa feita, promessa cumprida – mesmos acionistas, liderança diferente – e essa é a verdade que, em última análise, satisfez a DNCG.“

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