O Real Betis está preparando os trâmites judiciais e cogita ir até à Fifa para cobrar do Botafogo € 2 milhões (R$ 12,4 milhões na cotação atual) pela venda do atacante Luiz Henrique para o Zenit em janeiro de 2025, informou o jornal espanhol “ABC” nesta quarta-feira (26/11).
A cobrança do valor consta no documento de convocação da Assembleia Geral Ordinária de Acionistas do clube espanhol, marcada para o dia 16 de dezembro. Segundo o jornal, o Betis já apresentou uma reclamação formal ao Botafogo, ameaçando ir à Fifa.
Esse valor se refere a uma cláusula na compra de Luiz Henrique junto ao Betis, em caso de venda para a Europa. O Botafogo já pagou ao clube de Sevilha € 16 milhões (R$ 85,7 milhões à época) mais € 2 milhões por metas – faltariam € 2 milhões pela venda para o Zenit.
A reportagem do “ABC” cita que a venda de Luiz Henrique gerou polêmica: o atacante foi para o Zenit por € 33 milhões (R$ 206 milhões na ocasião), mas teria tido seus direitos econômicos transferidos anteriormente para o Lyon para ajudar o clube francês a evitar o rebaixamento pela DNCG.
Na época da venda para o Zenit, o “GE” noticiou que o Botafogo não precisaria pagar esses 2 milhões ao Betis porque a cláusula era apenas em caso de transferência de direitos federativos para o Lyon. Posteriormente, foi divulgado que Luiz Henrique teve seus direitos econômicos transferidos para o clube francês – é esse o entendimento que estão tendo os dirigentes espanhóis, Textor que liderou a contratação de Luiz Henrique em 2024. Informou o ABC ES
E não é só o Luiz Henrique, Botafogo tem outras dívidas?
Dívida com Atlanta United por Thiago Almada
O Botafogo foi condenado pela FIFA a pagar US$ 21 milhões (aproximadamente R$ 117 milhões) pela contratação de Thiago Almada — valor corresponde ao total acordado, incluindo parcelas não pagas e outras que ainda vão vencer.
A negociação previa o pagamento parcelado a cada três meses até setembro de 2026:
Duas primeiras parcelas de US$ 3 milhões cada;
Depois várias parcelas de US$ 2 milhões.
O clube deixou de pagar as duas primeiras parcelas — ou seja, US$ 6 milhões — e, por causa desse atraso, a cláusula de “aceleração” foi acionada. Com isso, a FIFA exigiu o pagamento integral de todo o contrato (+ juros).
Além disso, há multa por inadimplência: US$ 150 mil, acrescida de juros sobre os valores devidos.
Dívida com Bruno Lage (rescisão e valores devidos)
Bruno Lage entrou com ação trabalhista contra o Botafogo, cobrando cerca de R$ 9 milhões. Esse valor corresponderia a salários atrasados e à multa/contrato de rescisão que o clube deixou de pagar.
Em outra ação, o técnico pede R$ 9,6 milhões, incluindo verbas rescisórias, férias, 13º proporcional, FGTS + multa de 40%, e indenização por danos morais.
Segundo a petição, há reclamação de que parte da remuneração teria sido mascarada como “direitos de imagem” para evitar encargos salariais.
Dívida com o Sporting Braga pela multa de rescisão de Artur Jorge
O clube português Sporting Braga alega que o Botafogo ainda deve 1 milhão de euros (cerca de R$ 6,2 milhões, na cotação usada nas reportagens) — valor referente à segunda parcela da multa rescisória pela saída do técnico Artur Jorge.
Em 2024, o débito já havia gerado outra cobrança: naquele momento, a parcela não paga seria de aproximadamente 850 mil euros (cerca de R$ 5 milhões), segundo o clube português.
O total acordado originalmente para liberar Artur Jorge era de 2 milhões de euros.
O Braga tem reclamado publicamente da falta de pagamento e já comunicou que irá recorrer à FIFA para exigir a quitação.
No caso da dívida com o Atlanta United, a determinação da FIFA exige pagamento imediato — ou seja, trata-se de uma obrigação tributária do clube ao mercado internacional.
A cobrança feita por Bruno Lage ocorre via processo trabalhista na Justiça do Rio, o que pode abrir precedentes para outros ex-funcionários reclamarem valores.
A pendência com o Braga / Artur Jorge também envolve entidade internacional (FIFA/UEFA), o que reforça o grau de embaraço financeiro e institucional.
Mesmo com receita recorde (títulos, patrocínios, sócio-torcedor etc.), o endividamento global do clube continua alto — o que limita a capacidade de novas contratações ou de investimentos sem uma reestruturação financeira substancial.
