A ESPN do Brasil divulgou trechos da ação aberta pela Eagle Football Holdings Limited na Justiça do Rio De Janeiro contra a SAF do Botafogo, na intenção de que John Textor não tome decisões sem consultar a empresa, que se afastou após a crise provocado no Lyon.
“Se não se impuserem freios, o Sr. Textor continuará a causar irreparáveis danos à Eagle e ao Botafogo, sobretudo por meio da iminente diluição da participação da Eagle no Botafogo e a concretização de operações complexas e lesivas, com terceiros, em jurisdições estrangeiras“, diz um trecho da ação.
A Eagle afirma na petição que é “evidente a necessidade de atuação do Poder Judiciário para preservar o status quo e impedir a consumação de atos geradores de prejuízo de dificílima reversão” por parte de John Textor na SAF do Botafogo.
Ainda de acordo com a holding, John Textor “atuou em conflito de interesses” ao “vincular as receitas do Botafogo a uma nova empresa constituída, pelo mesmo Textor, nas Ilhas Cayman“, além de “diluir a participação acionária da Eagle“.
Na ação, a Eagle pede que sejam suspensos os efeitos da assembleia extraordinária realizada no dia 17 de julho, assim como em relação à reunião do Conselho de Administração; proibição da emissão de novas ações; e a proibição de contratos ou negócios entre Botafogo e pessoas, jurídicas ou físicas, relacionadas a Textor.
Veja o documento abaixo:
“Por isso, as medidas ora pleiteadas foram cuidadosamente delimitadas para se evitar a ocorrência de violações aos direitos da Eagle e do Botafogo, e substanciosos danos ao patrimônio deles, até que o Tribunal Arbitral competente seja constituído e possa julgar a disputa“, completa a ação.
Segundo relatado pela “ESPN”, o juiz Marcelo Mondego de Carvalho Lima determinou que o caso não siga em segredo de Justiça e citou e intimou os réus para que, no prazo de cinco dias, se manifestem sobre a competência do juízo para o caso, bem como sobre as questões da liminar.
A Eagle Football entrou na semana passada com uma ação contra John Textor na 2ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Os acionistas da empresa argumentam que o americano cometeu "diversas medidas ilícitas" no comando do Botafogo nas últimas semanas e pedem a suspensão desses atos.
No processo, a Eagle afirma que desde o dia 2 de junho deste ano nenhuma ação societária pode ser tomada sem a anuência do diretor da empresa, o advogado escocês Christopher Mallon. No entanto, segundo a ação, Textor fez movimentações sem o aval de Mallon, entre elas a "cessão de supostos créditos" do Alvinegro para uma companhia nas Ilhas Cayman, no valor de até 150 milhões de euros.
Essa cessão de créditos foi decidida em uma Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas do Botafogo (AGE) e da Reunião do Conselho de Administração do Botafogo (RCA) no dia 17 de julho. Por isso, a Eagle pede a suspensão de todos os efeitos da AGE e da RCA.
— Se não se impuserem freios, o Sr. Textor continuará a causar irreparáveis danos à Eagle Bidco e ao Botafogo, sobretudo, por meio da iminente diluição da participação da Eagle Bidco no Botafogo e a concretização de operações complexas e lesivas, com terceiros, em jurisdições estrangeiras.
Venda de ações em 2022
Em sua ação na Justiça do Rio de Janeiro, a Eagle afirma que, em 2022, Textor pegou empréstimo de US$ 425 milhões (R$ 2,3 bilhões) para comprar o Lyon. Nessa operação, deu como garantia todas as suas ações na SAF do Botafogo. Assim, a Eagle Bidco é proprietária de 90% das ações da SAF, enquanto o clube associativo continua com 10%.
Mesmo sem ações em seu nome, Textor continuou na presidência do Conselho de Administração da empresa que comanda o futebol alvinegro. No entanto, em 23 de abril de 2025, em razão de "equívocos na administração" do americano, os outros acionistas da Eagle Bidco decidiram que a companhia passaria a ser comandada por Christopher Mallon.
— Toda decisão de negócios da Eagle Bidco passou a ser tomada pela maioria de seus Diretores e a exigir a aprovação de seu Diretor Independente, o que implica a integral concessão do poder de gestão da Eagle Bidco para o Sr. Christopher Mallon, com anuência e ciência do Sr. Textor — diz o processo.
No dia 17 de julho, Mallon entrou em contato com Textor e avisou que havia a necessidade de remover o empresário da administração do Botafogo. No entanto, às 11h do mesmo dia, o americano presidiu a Reunião do Conselho de Administração do Botafogo, com o objetivo de transferir os ativos do Alvinegro para uma nova empresa nas Ilhas Cayman.
Ainda no dia 17 de julho, Textor respondeu a Mallon às 21h que prepararia uma oferta para comprar o capital do Glorioso. Segundo a Eagle Bidco, tal medida "por óbvio criaria um conflito de interesses caso ele fosse mantido como Presidente do Conselho de Administração".
Às 23h, realizou-se uma Assembleia Geral Extraordinária do Botafogo, na qual foi aprovada a possibilidade de aumentar o capital da SAF em R$ 650 milhões através da emissão de novas ações da SAF, permitindo a diluição da participação da Eagle Bidco, que, segundo a ação, foi representada na AGE por Textor, mesmo com o empresário sabendo que "não tinha poderes para tanto".