Nem só de postagens no Instagram vive o homem. As coisas não estão resolvidas, e ainda não está tudo bem, no atual imbróglio envolvendo Eagle, Ares e Iconic Sports. Nos últimos meses, surgiram cada vez mais pistas de que a versão pública de John Textor sobre seu controle da Eagle Football Holdings e da SAF do Botafogo está bem mais complexa do que ele deixa transparecer no Instagram e em entrevistas.
Além disso, a dívida após empréstimo, da Eagle com a Ares Management Corporation é monumental: estima-se em cerca de US$ 425 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) Ares teria, inclusive, colocado como garantia as participações de Textor na Eagle para forçar uma recomposição societária ou até removê-lo do controle.
Simultaneamente, Textor se enrosca com a Iconic Sports, fundo de investimento de James Dinan, Alexander Knaster e Edward Eisler, Dinan e Knaster entraram com ação na justiça comercial britânica contra ele. A Iconic reclama que Textor descumpriu um contrato: segundo eles, havia a obrigação de Textor recomprar a participação deles na Eagle (US$ 75 milhões investidos) caso a Eagle não abrisse capital – o que de fato não ocorreu. Eles exigem cerca de US$ 94 milhões (R$524,5 Milhões De Reais) + juros na disputa.
Por outro lado, Textor respondeu que a disputa judicial não teria relação direta com o Botafogo ou com a gestão da Eagle: “é só sobre dinheiro e Rússia vs EUA”, afirmou, minimizando os reflexos da briga na holding para o clube. Porém não é bem assim, se fosse desta maneira a Justiça Comercial Britânica já teria dito. A Iconic Sports quer o dinheiro que John Textor pediu emprestado, quando decidiu juntar tal valor, para comprar o Lyon em 2022; caso Textor não conseguir pagar, tal valor, caso perca pra Iconic Sports, ele vai ter que vender ações da Eagle Holdings BidCo e usar o que sobrou do dinheiro da venda das ações que tinha do Crystal Palace que foi comprada por Woody Johnson.
Outras vertentes da Eagle, a Ares e o Botafogo associativo já estão atentos, e se preparando para definir rapidamente o futuro da SAF Botafogo caso a Iconic Sports saia vitoriosa definitivamente contra John Textor, nos próximos dias.
Além do litígio financeiro, há uma disputa de poder interno. Mudanças recentes no conselho da Eagle foram interpretadas por observadores como uma manobra de Textor para reforçar seu controle formal.
A saída de diretores não alinhados com ele e a entrada de nomes de confiança sugerem que o Norte-americano não está apenas se defendendo judicialmente – está também reestruturando a holding para consolidar um certo tipo de poder. Porém há vários compromissos e dívidas que precisarão ser pagos.
Do ponto de vista dos sócios (como a Ares), manter Textor no comando seria um risco: segundo relatórios, há preocupação de que ele use sua posição simultânea para “desvalorizar artificialmente" a participação do Botafogo para recomprá-la depois por um valor inferior. Textor comprou a SAF Botafogo em 2022, por cerca de 400 Milhões de Reais e assumiu as dívidas do clube, além de aportes acima dos mais de R$100 Milhões que foram feitos na ocasião.
A dívida por contratações está no valor de R$ 900 Milhões De Reais. O novo aporte pra ter SAF Botafogo 2026 tem que ser de 250 Milhões De Reais. A Ares emprestou pra Eagle R$2,2 Bilhões. A dívida com a Iconic Sports via Textor e Eagle é R$524,5 Milhões+ juros.
— Gazeta Botafogo ⭐📰 (@agazetabotafogo) November 17, 2025
Este valor atual de venda inicial da SAF Botafogo em US$100 Milhões De Dólares (R$ 533 Milhões De Reais) na cotação atual, é um valor base, de acordo com o setor financeiro, como a Sports Value, a SAF Botafogo pode valer até R$2 Bilhões De Reais. Por isso é necessário ter a precificação feita pela Ares e Eagle. Precificação essa que até o presente momento John Textor tanto correu, ou negou a fazer. A ICONIC Sports vencendo ele no tribunal comercial britânico, será um divisor de águas, neste emaranhado e confuso caminho, que o próprio John Textor escolheu e fez.
O que alguns torcedores do Botafogo não estão observando no perfil oficial de John Textor, no Instagram? A imagem pública de um empresário investidor apaixonado pelo clube, esconde uma teia financeira delicada, cheia de riscos e dívidas que podem balançar a estrutura acionária.
Se John Textor perder para a Iconic Sports definitivamente ou não conseguir honrar os compromissos com a Ares, o Botafogo pode não estar “apenas nas mãos dele”: poderia haver uma reviravolta completa no controle da SAF.
Cenário atual e futuro da SAF Botafogo
Dívidas por contratações: R$900 Milhões de reais
Necessidade de um novo aporte/empréstimo ou dinheiro novo: €40 Milhões De Euros (R$250 Milhões De Reais)
Valor de venda inicial do Botafogo: US$ 100 Milhões De Dólares (R$ 533 Milhões De Reais)
Valor de compra do Botafogo por Textor em 2022: R$ 400 Milhões de reais + dívida
Total do empréstimo da Ares Management Corporation à Eagle: US$ 425 Milhões de Dólares (R$2,2 Bilhões De Reais)
Total da dívida da Eagle via John Textor com a Iconic Sports: US$ 94 Milhões (524,5 Milhões de Reais + juros)
Próximos passos
Venda da SAF Botafogo pela Ares a Textor ou terceiro investidor/investidores
Novo aporte/Empréstimo ponte para sustentação temporária em 2026
A Ares Management, um dos maiores fundos de private equity dos EUA, concedeu a John Textor um indulto temporário de 12 meses para pagar uma dívida estimada em US$ 450 milhões (R$2,4 Bilhões). Tal indulto pode ser desfeito, caso a Iconic Sports vença, pois a Ares se sentirá lesada, em ter dado confiança à JT.
Esse empréstimo (com taxas altíssimas, entre 16% e 22% ao ano) foi usado por Textor para financiar a compra do Lyon, entre outros ativos do grupo Eagle. Inicialmente a Ares optou por não executar garantias (como a participação nos clubes controlados pela Eagle) por enquanto, o que dá a Textor um prazo para tentar recompor sua liquidez. No entanto, essa “trégua” vem com ressalvas: a Ares continuará monitorando de perto as finanças da Eagle e todo este imbróglio. Recentemente a Apollo Sports Capital, está aumentando a sua rede de clubes pelo mundo, e como possui uma boa relação com a Ares, pode ser que venha investir no Botafogo, seria hoje uma espécie de terceiro investidor mais sólido. Outros investidores em Setembro também foram revelados.
Analistas alertam para o risco constante: se Textor não conseguir se acertar, a Ares pode eventualmente assumir ativos ou vender para terceiros — e isso inclui clubes como o Botafogo.
A Eagle Football Holdings, controlada por Textor, é a acionista majoritária da Botafogo SAF. Isso significa que as crises financeiras da Eagle reverberam diretamente no Fogão, a pressão financeira existe. Se a Eagle falhar no pagamento, a Ares pode considerar medidas mais drásticas, o que poderia afetar a estrutura de controle da SAF.
Já na disputa com a Iconic, caso a liminar não se sustente ou haja derrota futura, Textor corre o risco de perder parte das ações da Eagle, confirmando a vitória da Iconic Sports, isto irá enfraquecer o poder majoritário de Textor no Botafogo. Levando a uma recomposição acionária, mudando quem manda na Eagle Holdings BidCo — e, por extensão, no Fogão.
Um dos pontos mais questionados é a falta de transparência da Eagle Football Holdings no modelo atual: a empresa atrasou a publicação de balanços e relatórios financeiros. Para analistas, esse atraso pode mascarar problemas mais profundos nas finanças da holding. Também há embate institucional: a Justiça do Rio, por exemplo, já impediu uma intervenção da dona da SAF (a Eagle) na gestão do Botafogo, reforçando que há limitação formal para ações unilaterais da holding sobre o clube.
A imagem pública de John Textor como um investidor apaixonado por futebol e torcedor dedicado ao Botafogo precisa ser medida à luz dos riscos reais e concretos que envolvem sua rede multiclubes. A batalha com a Ares e a Iconic revela que não é só “paixão pelo Botafogo”: há uma estrutura financeira frágil, dívidas pesadas e manobras societárias complexas para proteger seus interesses.
Para os torcedores do Botafogo, a principal pergunta é: até que ponto o controle de Textor é seguro? E por quanto tempo esse “respiro” dado pela Ares realmente trará estabilidade, antes que as cobranças voltem com força? O futuro da SAF Botafogo pode depender não apenas do desempenho em campo, mas também das decisões nos tribunais e nas planilhas contábeis.
A tensão entre Textor, Ares e Iconic pode redefinir quem manda na Eagle — e, por consequência, no futuro do clube. Para os torcedores e para os associados, essas disputas são mais do que disputa de poder: podem definir se a SAF seguirá com estabilidade, se será reestruturada, ou até se poderá haver mudança de controlador.
CENÁRIOS PARA A SAF DO BOTAFOGO (2026–2028)
🟩 1. CENÁRIO OTIMISTA — “Recomposição e Consolidação”
Situação societária
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Textor mantém o controle da Eagle após acordo com a Iconic Sports:
Ele negocia um refinanciamento ou acordo judicial, reduzindo o impacto da dívida e evitando perda de ações. -
A Ares prolonga o prazo da dívida ou autoriza uma renegociação de longo prazo, aliviando a pressão.
Finanças e investimentos
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A Eagle passa por reestruturação organizada e:
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reduz passivos,
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melhora governança,
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atrai capital de novos sócios minoritários.
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O Botafogo recebe aportes mais regulares e previsíveis, com orçamento competitivo.
Gestão e governança
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A nova estrutura nas Ilhas Cayman se concretiza e o Botafogo fica isolado dos riscos do Lyon e de outros ativos da Eagle.
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A SAF adota governança mais transparente, com balanços periódicos e auditorias independentes.
Esportivo
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Com estabilidade financeira:
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contratações mais assertivas,
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manutenção de talentos,
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base utilizada eficientemente.
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O Botafogo se consolida como um clube de parte alta da tabela, disputando títulos nacionais e indo com regularidade à Libertadores.
Resultado do cenário
🔹 Botafogo estabilizado, com projeção esportiva firme e risco societário controlado.
🔹 Tornando-se um case positivo de SAF.
🟨 2. CENÁRIO REALISTA — “Estabilidade sob tensão”
Situação societária
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Textor continua na Eagle, mas:
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perde ações do controle,
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convivendo com decisões judiciais pendentes com a Iconic.
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A relação com a Ares continua sob pressão — sem execução de garantias, mas sem paz completa.
Finanças e investimentos
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A Eagle passa por aperto financeiro contínuo, o que leva a aportes menos frequentes e planejamento mais rígido.
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O Botafogo mantém orçamento competitivo, porém abaixo dos principais rivais do país.
Gestão e governança
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A governança segue melhorando, mas ainda com períodos de opacidade e tensões.
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O Botafogo sofre interferências moderadas das disputas externas, especialmente em anos eleitorais da holding ou em momentos de renegociação de dívidas.
Esportivo
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O clube oscila entre:
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bons anos (G6),
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anos medianos (entre 7º e 10º lugar).
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Conquistas podem acontecer, mas não são previsíveis; há risco de desmontes parciais no elenco em casos de necessidades financeiras da Eagle.
Resultado do cenário
🟨 Botafogo competitivo, mas vivendo sob incertezas crônicas.
🟨 Risco moderado e flutuações de investimento.
🟥 3. CENÁRIO PESSIMISTA — “Ruptura e rearranjo forçado”
Situação societária
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A Iconic vence o processo e recebe:
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valores devidos e/ou
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transferência de ações de Textor.
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Isso muda o controle da Eagle ou enfraquece fortemente Textor.
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Simultaneamente, a Ares decide executar parte das garantias devido ao não pagamento da dívida.
Isso gera:
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Perda parcial ou total de controle de Textor sobre a Eagle e, por consequência, sobre o Botafogo.
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Uma disputa interna por quem assumirá a SAF:
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Ares?
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Iconic?
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Um novo comprador/Novos Compradores?
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O próprio Botafogo associativo tentando proteger o clube via judicialização?
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Finanças e investimentos
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Atraso ou suspensão temporária de aportes.
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Ajustes financeiros bruscos: cortes no departamento de futebol, venda acelerada de ativos (jogadores).
Gestão e governança
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Instabilidade profunda:
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mudanças frequentes na direção,
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interferência judicial,
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dificuldade para emitir garantias financeiras.
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A SAF pode enfrentar redução de credibilidade no mercado e até risco de intervenção provisória.
Esportivo
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O clube oscila negativamente:
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campanhas medianas a ruins no Brasileirão,
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risco de lutas contra rebaixamento em ao menos uma temporada.
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Reestruturação do elenco, perdas de talentos e dificuldade de atrair novos jogadores.
Resultado do cenário
🟥 Botafogo fragilizado, vulnerável a mudanças de controle e com risco de reconstrução forçada.
🟥 SAF perde valor e estabilidade nos próximos 3 anos.
Seja qual cenário venha ocorrer, ele será definido após a Iconic Sports e Textor se enfrentarem novamente no tribunal comercial de Londres.
