O Botafogo venceu o Santos por 1 a 0 na Vila Belmiro, com gol de Artur, na penúltima partida da equipe antes da pausa para a Copa do Mundo de Clubes. Apesar do bom resultado, o treinador Renato Paiva foi crítico em relação ao desempenho do time.
Enquanto o Santos teve 11 jogadores em campo, os botafoguenses foram pressionados, e John evitou que o rival abrisse o placar. Após a expulsão de Neymar, o time cresceu e conseguiu fazer o gol com Artur.
— Não é um grande jogo de nossa parte. Controlamos, tivemos a bola, mas não criamos as chances que deveríamos ter gerado. Depois, assumindo o jogo, fica mais fácil para uma equipe rápida como o Santos nos surpreender. A verdade é que eles acabaram sendo mais incisivos, verticais. Em termos ofensivos, não fiquei satisfeito com a equipe. Procurou ter a bola, mover o bloco, mas não finalizamos vezes o suficiente. Isso acaba sendo a antítese de alguns jogos em que tivemos melhores oportunidades e acabamos por não ganhar. Em outros jogos, a bola que bateu na trave entrava e perdíamos por 1 a 0. Hoje fomos mais eficazes e, nas poucas oportunidades que tivemos, fizemos o gol.
O Alvinegro ainda tem um duelo atrasado com o Ceará antes de embarcar para a Copa do Mundo de Clubes, mas o duelo contra o PSG, atual campeão da Champions League, virou também assunto na entrevista coletiva de Paiva.
O Botafogo divide o grupo B com o Atlético de Madrid e o Seattle Sounders, além dos franceses que bateram a Inter de Milão por 5 a 0 na decisão europeia do último sábado.
— Eu, enquanto de treinador do Botafogo e futuro adversário, me preocupa. Vamos enfrentar dois clubes que têm o individual mas são equipes de futebol, o PSG e também o Atlético de Madrid. Tenho muito respeito ao coletivo. É uma montanha muito grande para subir, mas alguém subiu o Everest quando se diziam ser impossível.
O gol marcado na Vila Belmiro foi o primeiro do Botafogo como visitante no Campeonato Brasileiro, e também resultou na primeira vitória da equipe comandada por Paiva fora de casa na atual edição da competição.
Isso vai ao encontro dos números da equipe em toda a temporada. Até aqui, o Glorioso havia vencido apenas duas vezes fora do Estádio Nilton Santos. O treinador chegou a dizer que era um time "com duas caras", por conta da diferença de desempenho no Rio de Janeiro e longe de casa.
O triunfo também ajudou o Botafogo a romper uma seca grande contra o Santos. Eram 13 anos sem vencer na Vila Belmiro. A última vez havia sido em 2012. Nesse período, foram seis partidas no estádio entre as duas equipes.
O Glorioso ainda entra em campo mais uma vez antes de viajar para os Estados Unidos. Enfrenta o Ceará nesta quarta-feira (04), às 20h, no Estádio Nilton Santos, em jogo atrasado da 10ª rodada. Leia as respostas de Renato Paiva:
Análise da partida
— Não é um grande jogo de nossa parte. Controlamos, tivemos a bola, mas não criamos as chances que deveríamos ter gerado. Depois, assumindo o jogo, fica mais fácil para uma equipe rápida como o Santos nos surpreender. A verdade é que eles acabaram sendo mais incisivos, verticais. Em termos ofensivos, não fiquei satisfeito com a equipe.
— Procurou ter a bola, mover o bloco, mas não finalizamos vezes o suficiente. Isso acaba sendo a antítese de alguns jogos em que tivemos melhores oportunidades e acabamos por não ganhar. Em outros jogos, a bola que bateu na trave entrava e perdíamos por 1 a 0. Hoje fomos mais eficazes e, nas poucas oportunidades que tivemos, fizemos o gol. Uma partida que ganhamos, era muito importante ganharmos. Fica mais o resultado do que propriamente a exibição da nossa parte.
Equipe de duas caras
— Não consigo fazer futurologia. O importante é o que está para trás. Era uma equipe com duas caras (uma em casa e outra fora), hoje conseguimos a primeira vitória (fora de casa). Temos que continuar vencendo fora de casa. Não tenho a capacidade de prever o futuro, mas sinto que a equipe vai evoluindo, ficando mais compactada. Hoje concedemos mais bola ao adversário do que eu queria, o Santos chegou ao ataque, não tínhamos a necessidade de sofrer tanto.
— Eu disse no pré-jogo aos jogadores que, na minha opinião, o Santos está em uma posição na tabela que não corresponde à qualidade deles. Eles sempre perdem por um (gol), sempre competem. Espero que os jogadores olhem para essa vitória. Essa vitória tem um peso histórico. Eram 13 anos sem vencer na Vila Belmiro. É estatístico, mas, dentro do vestiário, são as coisas que motivam. Não é só ganhar com dez, é quebrar tabus. Disse que a classificação para a Libertadores e a vitória de hoje só terão sentido se vencermos o Ceará na quarta. O futuro a Deus pertence, em relação ao Brasileiro.
Superioridade numérica
— Eu entendo a pergunta. Na lógica, sim. No último jogo, contra a La U, disse que o futebol não tem lógica, porque ganhamos com um a menos. O Santos ficou sem Neymar. Quando mexemos na equipe, tentamos ficar mais ofensivos e ter mais contundência na área.
— Em um lance dentro ou fora (da área), procurar a área. Hoje, a vantagem numérica foi decisiva. Fomos atrás do resultado e acabamos premiados. A diferença numérica acabou sendo decisiva para a vitória.
PSG
— Estávamos voando para cá. Não vi o jogo. É um resultado anormal para uma competição dessas. Estou imensamente feliz pelos três meninos que estão lá e lançamos, João Neves, Gonçalo Ramos e Pacho. Fiquei muito feliz e não posso esconder que torci para o PSG. Eu, enquanto treinador e apreciador do futebol, dando muito peso ao coletivo, é uma história muito bonita desse PSG.
— Durante anos e anos eles acumularam jogadores pesados e de nome e houve uma mudança de paradigma com o Luis Enrique e Luis Campos (diretor de futebol). Olhar para a base, olhar para contratações que ninguém conhece... Isso é visão de equipe.
— Eu, enquanto de treinador do Botafogo e futuro adversário, me preocupa. Vamos enfrentar dois clubes que têm o individual mas são equipes de futebol, o PSG e também o Atlético de Madrid. Tenho muito respeito ao coletivo. É uma montanha muito grande para subir, mas alguém subiu o Everest quando se diziam ser impossível.
Saída dos jogadores
— Não tenho nenhuma confirmação dos meus diretores. Se isso acontecer é só mais um capítulo da minha vida. No Del Valle foram 11 (saídas), no Benfica foram outros tantos. É isto. O nosso trabalho é potencializar os jogadores. Eles têm qualidade. Ouvi dizer que o Igor fez a melhor atuação dele pelo Botafogo na terça (contra a La U).
— Não sei se foi a melhor, mas foi a mais completa. Não lembro de um jogador meu fazer uma atuação tão completa durante 90 minutos. Mas para ele fazer isso tivemos dez heróis para permiti-lo fazer isso. O coletivo potencializa.
— Não sei se isso vai acontecer. Se acontecer, tenho certeza que chegarão outros jogadores e eu estarei aqui para trabalhar com eles. Se bobear, apenas quatro treinadores no mundo são apenas compradores e não vendedores. Não é o nosso caso. Nunca questionei as ausências por lesões, fiquei muito feliz por colocar 11 para jogar mais os outros do banco.
— E eu sou muito feliz pelos atletas que vêm do banco e agregam. Que venham jogadores e nós estaremos prontos para trabalhar com eles. Desde que tenhamos 11 para jogar e mais quatro ou cinco para poder entrar durante o jogo, tudo tranquilo.
Como diminuir a distância entre Brasil e Europa
— Vou dar um exemplo de quando cheguei ao Del Valle. Nós quisemos profissionalizar mais uma equipe que eu considero de elite. O que começamos a fazer foi controlar a alimentação, controlar o peso, controlar o horário, coisas simples. Mas isso foi um problema, porque os jogadores reclamaram.
— Ao invés de sermos autoritários, explicamos o porque de as coisas serem assim, porque era importante comer bem, não ter peso a mais. Acho que tem a ver com os hábitos. Já passei pelo México, Bahia. Vou falar com a realidade do Brasil. Não vejo diferença nenhuma com o que vejo na Europa. As instalações são de alto nível, o pré-treino é bom. O poder financeiro faz a diferença.
— Os jogadores daqui querem ir para a Europa. As consideradas grandes competições estão lá, o financeiro melhora a vida desses jogadores. A maior parte das estrelas estão nesses campeonatos. É muito fácil um jogador sul-americano querer ir para a Europa do que querer ficar na América do Sul. Mas vejo uma Libertadores complicadíssima e bons campeonatos aqui.
— Mas no Botafogo não vejo nenhuma diferença no profissionalismo. Na América do Sul, as equipes da Europa vêm contratar aqui. O talento está aqui. Temos que pensar todos, como eu já disse no México, é melhorar o desenvolvimento individual dos jogadores. O jogador desenvolve no treino.
— Quanto mais treinar, quanto mais repetir, quanto mais errar, melhor vai ser. Ele chega no jogo e a correção não chega a tempo. No México é o mesmo problema e não é coincidência que os talentos de lá vão embora cedo. O Brasil é o melhor país que gera jogadores de futebol, mas é deficitário para desenvolver. Joga-se demais e treina-se de menos.
— Nós temos que dar um passo se quisermos competir contra a Europa. Nós vamos jogar contra quem treina mais e joga menos. "Na Europa também joga quarta e domingo". Joga, mas não toda quarta e todo domingo. Estamos com 18 jogos em dois meses. Isso é a metade do Campeonato Português. Esse é o grande diferencial.