Em coletiva Renato Paiva comemora classificação do Botafogo contra o Atlético De Madrid: "Se eu dissesse no Brasil que íamos passar, eu seria esculachado"


Renato Paiva esbraveja na beira do campo em Atlético De Madrid x Botafogo no Rose Bowl — Foto: Stu Forster/Getty Images



O Botafogo perdeu por 1 a 0 para o Atlético de Madrid nesta segunda-feira, mas avançou para as oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes na segunda colocação do Grupo B, atrás do PSG. O time de Renato Paiva garantia a classificação em primeiro lugar até os 41 minutos do segundo tempo, quando sofreu gol de Griezmann.


Em um grupo com poderosos europeus, o Botafogo se destacou e, na visão do treinador, passou um recado sobre o nível do futebol que é jogado no Brasil.


Assista abaixo:


- O Brasil é um país imenso, com um futebol muito especial, com muitos bons jogadores. Produz jogadores talentosos para o mundo, tem excelentes técnicos. Até mesmo os técnicos estrangeiros que vão para o Brasil são bons. Estamos ajudando a mostrar o que é o Brasil. Muitos acham que o Brasil é mais fraco do que é na verdade. Temos um campeonato muito difícil e temos muito orgulho de representar o Brasil - afirmou Paiva, que completou:


- Atlético de Madrid é um elenco fortíssimo, equipe top da Europa e acaba por não ser o jogo que queríamos em termos de resultados. Fica a classificação. E agora vou ser incisivo e irônico: se o Renato Paiva tivesse dito no Brasil que passaríamos por esse grupo, ele seria esculachado à quinta da casa por todo mundo. Mas fizemos o que ninguém estava esperando e temos que valorizar isso para o torcedor do Botafogo, que tem que estar orgulhoso desse grupo e do futebol brasileiro também.


O Botafogo foi o segundo time do Brasil a avançar para a próxima fase da Copa de Clubes. O Flamengo também está nas oitavas. Palmeiras e Fluminense estão com as vagas encaminhadas.


O Botafogo vai enfrentar o primeiro colocado do Grupo A nas oitavas de final: Palmeiras x Inter Miami e Porto x Al Ahly, ambos às 22h (de Brasília) desta segunda, são os jogos que definirão a classificação do primeiro grupo da competição.


Outras declarações de Paiva:

Análise do jogo


- Sabíamos que jogaríamos contra uma grande equipe. Não nos defendemos tão bem, não por causa do gol que sofremos, mas às vezes avançávamos cedo demais, muito próximo da nossa área, mais do que eu queria na verdade. O tempo passa, e o resultado entra na cabeça, isso influencia a forma como jogam. Quero ter mais posse de bola, especialmente nos momentos de transição, decidir melhor. O Savarino teve a primeira oportunidade. Passamos, mas não foi um jogo tão bom.


Que leitura faz do desfecho do Grupo B?


- Quando saiu o sorteio e quando saímos do Brasil, para todo o mundo (o pensamento) era de que teríamos 10% de possibilidade de classificação. Alguns porque não conhecem o futebol brasileiro, outros porque não conhecem o Botafogo. Nosso papel era fazer o contrário, o que fizemos. Hoje, fizemos um primeiro tempo muito bom, gerenciamos a bola como eu queria quando tínhamos a posse. Não deixamos o Atlético gerar muitas oportunidades, não me lembro de que o John tenha feito alguma defesa na primeira parte. Depois, a primeira oportunidade era nossa, se o Savarino fizesse esse gol o jogo mudaria.


- O que não gostei foi do segundo tempo. É normal, o Atlético de Madrid buscava o resultado, só tinha 45 minutos. Normalmente, colocaria mais jogadores à frente e nossa equipe, com o cansaço e a parte mental de que só restam 45, começa a jogar com o resultado geral da classificação e diminuir um pouco mais (o ritmo), acumulando muita gente perto da área. Logicamente, quando Simeone faz as substituições, fica claro o que ele quer deixando Griezmann, Sorloth e Álvarez, e acumulando gente por fora para chegar ao meio. Sofremos mais do que eu queria, queria ter tido mais posse. Esse foi o problema do segundo tempo. Mas quando conseguimos (manter a posse de bola), fomos muito perigosos. Me lembro de duas belas defesas de Oblak. Não gostamos de perder, mas aí estamos contra a maioria das previsões do Brasil e pelo mundo afora, classificados.


O que encontrou no vestiário após o jogo de hoje?


- Não está o ambiente pesado, mas não está o ambiente igual de quando ganhamos do PSG ou quando ganhamos algum jogo. De fato, mostra muito bem as características e personalidade deste grupo. Querem ganhar e vão lá pra dentro pra ganhar, independentemente das estratégias. E se fossemos hoje um pouco efetivos nas questões ofensivas, poderíamos ter feito gol. Acho que um gol ia virar muito da história porque colocaria o desespero e o peso maior no Atlético de Madrid. Mas acho que eles não ficaram satisfeitos com o segundo tempo porque na primeira parte os acertos que fizemos foram muito poucos, mas estávamos com posse, articulando o jogo. Mas começamos (no segundo tempo) a bater muita bola longa, perder muitas bolas, não conseguimos somar três passes.. E com mais jogadores do Atlético na área, se começa a baixar e eu entendo. É o desespero do treinador, e eu estava muito perto do banco do Simeone e via ele pedir para a equipe subir e pressionar a bola.


- Mas faltavam 45 minutos, o calor acumula, e começa a aparecer muitos jogadores do Atlético de Madrid na última linha e começas a defender a área ao invés de sair e deixar a deixar as costas e jogadores impedidos, subir linhas... E de fato faltou essa sinergia. Nós não tivemos bola e isso nos levou a baixar, sem a mínima restrição da minha parte, mas é o jogo. E tem outra coisa. Estávamos jogando contra o Atlético de Madrid. Parece que estamos falando da equipe da segunda divisão, mas é o Atlético de Madrid que é "só" o Atlético de Madrid, e temos que entender isso também. Quando eles têm a bola são muito bons jogadores, tem um treinador que está ali há 15 anos que tem sua forma de jogar. E disse aos jogadores que teríamos mais problemas defensivos do que tivemos com o PSG. E se fossemos rigorosos no nosso jogo, teríamos mais bola do que tivemos contra eles. E se confirmou. No primeiro tempo tivemos mais bola e no segundo tempo, sem ela, tivemos mais problemas defensivos.


O que está achando da competição? O que tem gostado?


- É uma competição que coloca os diferentes continentes jogando com regularidade. Há 32 equipes que representam muitos continentes. Isso, para a discussão de qual é o melhor continente e quem é melhor, não dá a definição total, mas te coloca nos exemplos. Gosto muito do que minha equipe está fazendo, depois do que os times brasileiros estão fazendo. Gosto da organização, não está falhando em nada. Talvez jogar nesta hora seja muito difícil para os jogadores, mas entendo que as horas tem que a com outros continentes, há uma diferença muito grande. É uma competição muito interessante e que nos dá uma dificuldade tremenda. Saímos desse grupo muitos melhores jogadores e treinador. É top a organização, a ideia, as equipes. Muito feliz por estar aqui e orgulhoso pelo trabalho da minha equipe.


Projeção para as oitavas e desfalque de Gregore


- Agora é descansar, viajarmos amanhã e preparar o jogo nos dias que temos. Recuperar, porque os jogos vão se amontoando nas pernas e no cérebro dos jogadores, então temos que ser muito criteriosos e sensíveis à recuperação deles. Hoje já era quase um jogo de mata-mata. De fato, preparar em função do adversário que teremos no próximo jogo.


- Em relação ao Gregore, acontece. São só dois cartões e é muito fácil um jogador ficar fora dos jogos. É normal que os defensores e meias mais defensivos acabem somando dois cartões rapidamente, ainda que o de hoje tenha sido perfeitamente desnecessário da forma como foi. Gregore sabe da sua importância, mas também sabe do grupo que tem. O jogador que entrar vai substituí-lo muitíssimo bem, não tenho dúvidas. Digo sempre o mesmo: não choro em cima de ausências, vamos entrar com 11 jogadores e tenho muita confiança nos que aqui estão. Hoje começamos muito bem o jogo, e os que entraram foram muito bem e ajudaram. Não era um jogo fácil para entrar pela forma que o Atlético de Madrid estava instalado no nosso meio-campo. Estou obviamente muito confiante. Ainda não decidi quem joga, mas estarei muito confiante em relação ao jogador que vai substituir o Gregore.

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