Em entrevista ao podcast The Added Time de Alan Myers, John Textor conta trajetória dele na SAF Botafogo, e diz que não se arrepende do caixa único,e nem dos protestos feito por torcedores do Lyon e do Botafogo; O clube francês deve R$853 Milhões ao Fogão, enquanto o mais tradicional do Brasil, está devendo R$492 Milhões ao co-irmão da França


Ainda dono da SAF do Botafogo, John Textor deu entrevista para Alan Myers, nesta quarta-feira (8/10) ao podcast britânico “The Added Time” e passou a limpo sua trajetória à frente do Fogão. O empresário norte-americano foi questionado sobre o momento conturbado do clube e a insatisfação dos torcedores com a temporada, depois de um 2024 mágico, e fez uma reflexão, citando “violentos protestos” após a derrocada no Campeonato Brasileiro de 2023.


– No Brasil estávamos na segunda divisão no ano em que cheguei, eles tinham acabado de conquistar o acesso antes de mim, mas não havia staff, só tinham três jogadores que já haviam jogado na primeira divisão. E tínhamos quatro semanas. Nós o compramos em 11 de março de 2022 e a temporada começou em meados de abril. É incrível que tenhamos sobrevivido ao rebaixamento naquele primeiro ano. Acho que terminamos em 11º ou 12º lugar. 2023, um ano horrível. Deveríamos ter conquistado o título muito rápido, colapsamos no final. Mas no ano seguinte, persisti. Protestos de torcedores, protestos muito, muito violentos por lá… Eu não quero zoar meus amigos na Europa ou na Inglaterra, mas se vocês se acham durões, venham para o Brasil – contou Textor.


– Nosso time lutou muito para superar isso. Vencemos o Brasileirão, vencemos a Libertadores… Levamos um cartão vermelho em 36 segundos e tivemos que jogar 10 contra 11. Foi um ótimo jogo para assistir, caso você queira ver um jogo incrível. E uma grande oportunidade, a Copa do Mundo de Clubes para todo o Brasil… Vencer o PSG, digo, sobreviver ao PSG, é provavelmente uma maneira melhor de falar isso, mas fizemos isso muito bem. E eu não achava que iríamos ganhar a Bola de Ouro, mas ser indicado entre os cinco melhores clubes do mundo na Bola de Ouro algumas semanas atrás foi simplesmente incrível. Acho que fizemos um bom trabalho – completou.


John Textor lembrou que clubes que buscam investidores geralmente estão passando por dificuldades financeiras, como foi o caso do Botafogo e do Lyon.


– Todos os clubes com os quais nos envolvemos estavam em algum nível de insolvência. Quer dizer, não se pode dizer o mesmo do Crystal Palace… Mas a Eagle Football, eu pessoalmente e, depois, a empresa, nos deparamos com situações de extrema dificuldade financeira e falta de visão esportiva. No Lyon, havia 14 bancos franceses que decidiram não renovar seus empréstimos, e todos venceriam em um ano. Se isso não atende ao critério de insolvência, não sei o que atende. Na verdade, houve um aviso emitido pela DNCG ao antigo proprietário no fim de semana em que compramos o clube, informando que eles estavam em péssimo estado. Então, as pessoas não vendem negócios perfeitos. Elas não vendem clubes perfeitos, isso nunca acontece de verdade.


– Então, acho que fizemos um bom trabalho, do rebaixamento para a Liga Europa na França. Talvez o melhor ano em 120 anos no Brasil. Uma campanha histórica na Copa da Inglaterra com o Crystal Palace, para a qual ficamos felizes em ter contribuído. Aquela Copa da Inglaterra, dado o conflito com o Lyon, acabou sendo algo ótimo para a história do clube, mas não para a Eagle Football em termos do nosso relacionamento daqui para frente. Mas estamos orgulhosos da nossa contribuição, e agora temos que pensar no que vem a seguir – disse Textor.


– O fato é que o Lyon deve muito dinheiro ao Botafogo, mas o que não é falado é que o Botafogo também deve dinheiro a eles. Eu diria que, grosso modo, Eagle Bidco e Lyon devem algo perto de US$ 160 milhões (R$ 853 milhões) ao Botafogo. E o Botafogo, em valor líquido, deve algo perto de US$ 92 milhões (R$ 492 milhões) para eles – declarou Textor.


O empresário, no entanto, não se arrepende do modelo de negócios, apesar das críticas.


– A forma como tomávamos decisões na Eagle era de forma colaborativa entre França e Brasil. A maioria dos jogadores que contratamos para o Botafogo era identificada com a possibilidade de ter sucesso na Europa. Essa colaboração foi valiosa para o Botafogo, porque trouxe Almada, Luiz Henrique, Igor Jesus… Eles ajudaram o clube a ganhar campeonatos no Brasil porque a Eagle deu um caminho para eles jogarem na Europa. Quando estou sentado com esse troféu (aponta para a Libertadores), não posso estar arrependido – completou.

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