Com plataformas de gestão esportiva e novas tecnologias de avaliação, o torneio marca uma mudança estrutural na forma como os clubes desenvolvem jovens talentos no Brasil.
A Copa São Paulo De Futebol Junior, a copinha, o maior laboratório de talentos do país, no futebol, está entrando em mais uma edição em meio a profundas transformações na forma como clubes e empresas identificam e desenvolvem jovens jogadores. Enquanto as tecnologias de inteligência artificial ganham terreno nos processos de avaliação, as plataformas de gestão multi-clubes começam a redesenhar a estrutura tradicional das categorias de base brasileiras.
Um dos exemplos dessa nova dinâmica é a bolsa promovida pela Squadra Sports, que integra cinco clubes e utiliza o Linense como uma das principais vitrines de seu ecossistema. Inspirado em modelos internacionais de holdings esportivos, o grupo circula atletas entre Londrina-PR, Linense-SP, VF4-PB, Ypiranga-BA e Conquista-BA para acelerar o desenvolvimento e ampliar oportunidades de exposição, especialmente no calendário de São Paulo, considerado o mais competitivo do país.
Na edição de 2026 da Copinha, o Linense receberá sete jogadores de outros times na plataforma: Rhonan, Abrahaim e Gabriel da Hora (VF4-PB), Bruno Lima (Ypiranga-BA) e Ewandro, Gabryel Carvalho e Cadu (Londrina-PR). Internamente, a estratégia é tratada como um fator diferenciador, já que a competição atrai olheiros do Brasil e do exterior.
Para Dado Cavalcanti, gerente técnico do Squadra, o ambiente de São Paulo aprimora o treinamento: "O calendário de São Paulo é crucial para o scouting. A Copinha (Copa Júnior de São Paulo), o campeonato estadual juvenil e a densidade competitiva do estado aceleram o desenvolvimento dos atletas. Isso melhora nossa capacidade de avaliação porque o nível de demanda é maior." Criada em 2023, a Squadra já está atraindo investimentos para expandir sua estrutura e projeta a gestão de mil atletas nos próximos anos.
Se a integração entre clubes surgir como uma resposta da gestão ao desafio de descobrir talentos, a tecnologia tenta ampliar o alcance do recrutamento tradicional de talentos. Um exemplo é o Cuju, um programa que utiliza inteligência artificial para avaliar jovens a partir dos 13 anos por meio de medições digitais detalhadas.
O aplicativo promete democratizar o acesso às categorias de jovens, permitindo que qualquer jovem, de qualquer região, complete a primeira etapa da avaliação usando apenas seu celular. Os melhores avançam para as seletivas presenciais.
Segundo Sven Muller, CMO da Cuju, um aplicativo alemão de inteligência artificial com mais de 100.000 usuários no Brasil que fornece avaliações detalhadas de várias habilidades dos atletas, como velocidade, agilidade, qualidade de passe e controle da bola, a IA já é parte integrante do treinamento moderno dos atletas.
"A inteligência artificial coloca o atleta em uma posição vantajosa ao tomar decisões. Existem milhares de informações, e o número crescente de oportunidades é impressionante. A IA contribui para gerar dados inteligentes, alinhados às necessidades táticas, comerciais ou de observação, e pode apoiar a previsibilidade dos caminhos até o primeiro time", diz Sven.
Realizado desde 1969, a Copinha é o torneio que mais jogadores produziu no Brasil. Fred, Kaká, Neymar, Ganso, Casemiro, Lucas Moura, Gabriel Jesus, David Luiz, Marquinhos, Luiz Henrique e muitos outros já jogaram e disputaram a competição.
A edição de 2026 contará com 128 times distribuídos em 32 grupos. O torneio começa em 2 de janeiro e terá sua final no dia 25, aniversário da cidade de São Paulo, na Mercado Livre Arena Pacaembu.
