Em entrevista para a Botafogo TV, Loco Abreu revela que queria máquina do tempo para voltar a título de 2010; Recordou carinho de torcedores do Botafogo em Buenos Aires, como se ele fosse jogador do Elenco de 2024, e ainda comemorou a saída de Tiquinho Soares do Fogão



Um dos astros do Botafogo, Loco Abreu não esconde de ninguém seu amor e sua identificação com o clube. Em entrevista ao “Botafogo PodCast”, ele relembrou sua história no Glorioso, o título carioca de 2010 com cavadinha na final e a experiência como torcedor na Libertadores 2024.




Loco Abreu queria ter uma máquina do tempo para voltar a 18 de abril de 2010.



Assista abaixo:


– Eu sempre falo sabe quando fica naquela resenha tomando um chopinho e já começa meio que a delirar? E falam “o que você gostaria?” Pagaria qualquer coisa para pegar aquela máquina do tempo e tem dois dias para querer voltar só para curtir realmente porque a gente não curtiu pela a pressão que tinha. Um é a semifinal da Copa do Mundo, contra a Holanda, para ver se a gente consegue virar o jogo e a outra é voltar a jogar essa final com o Flamengo. Mas para curtir, porque na verdade foi muita pressão. Foi pressão porque a gente sabia que era o momento nosso. Ou era ficar dentro do bolo da sacola medíocre, perdedora, ou ficar na lembrança para a vida toda. Lógico que eu não sabia que ia acontecer a cavadinha, que me catapultou a ficar na história para a vida toda. Mas para aquele grupo era ter aquele reconhecimento principalmente para jogadores que vinham de um ano também poderem desfrutar desse momento. Então, a pressão foi muito e aquele jogo também foi… A gente faz gol, eles empatam, aí fazemos 2×1 e aí vem faltando um pouco o pênalti que Jefferson pega e no final todo mundo lá dentro da área, dando bico para qualquer lado, chutando para qualquer lugar, pintando a toda hora cruzamento, ir pra um lado, ir pra outro e aquela sensação que já era contagiosa, né? “A gente vai tomar gol, pô, vai tomar gol, vai para os pênaltis e fodeu”. Na hora do final, nos escanteios todo mundo lá “Não dá para tomar gol, cara. Não dá pra tomar gol, joga para lá, não tem problema não, vamos juntos”. Por isso quando o cara apitou o final tira essa mochila das costas. Uma alegria aqui comemorando aqui, outra lá em General Severiano. A torcida chegando, famílias chorando, voltar a ser campeão foi fantástico. Só que como passou o tempo, no momento você acha conquista, beleza. Só que foi passando o tempo e parece que foi no ano passado. Por mais que a gente tenha sido campeão do Brasileirão e da Libertadores, eles te falam agora “a gente ganhou esses dois, mas aquele não dá para esquecer. Aquele está marcado na pele. É para sempre” – destacou Loco Abreu.


Outra experiência contada pelo hoje treinador uruguaio foi o título da Libertadores em 2024, no qual curtiu como torcedor.


– Eu sou adotado pelo Botafogo em todo sentido. Eu estava pipocando também para caralho. Porque chegava na hora da semifinal, na hora da final, e estava aquela sensação de “Será?”. Mas não era 100%. Sempre estava aquele porcentagem de dúvida, porque o Botafogo é sofrido, não tem como, é assim. Sempre estava com qualquer um que falava, “a gente está bem, mas será que vai dar? Vai ser nosso essa vez”. “Não se empolga não, vamos devagar, vamos tranquilos”. A mesma gente ia freando. Só que eu tive a possibilidade de poder ir para lá na final, estar lá dentro do campo, ver que 70%, 75% do estádio era tudo botafoguense. Aí vem aquele cartão vermelho. Falei “puta que pariu. Não acredito, cara. Toda a vida esperando esse momento”. E toma cartão vermelho já no início do jogo. Mas o treinador foi impressionante, aquela linha de seis, ele botou 6-2-1. E fechou os laterais, porque o Atlético já fazia cruzamento, cruzamento, cruzamento. Ele botou a linha de seis e fechou os laterais, para não ter tanta facilidade para cruzar. E aí comecei a sentir que o time está bem, encaixou, está se sentindo bem. Aí fez o gol. Quando acabou o jogo, foi muita felicidade, aí o primeiro cara que eu mandei mensagem e ele já estava chorando para caralho era o André (Silva, vice-presidente atualmente). Ele chora igual a criança, mas não fala nada, só chora. E na verdade foi impressionante, depois do jogo, quando eu saí do estádio, se juntou toda a torcida do Botafogo. E é legal porque você faz parte até do elenco né. Os caras me abraçavam como se eu fizesse um gol da Libertadores. Eu até ficava meio sem vergonha. Não mereço tudo isso. Foi para os caras né. Eu compro também o papo dos torcedores “tudo começou com vocês, essa mudança nossa, de mentalidade, a conquista de vocês em 2010 ajudou muito”. Aí você começa a sentir. Eu achava que não. Mas dá pra perceber que realmente o que aconteceu conosco ficou marcado para o torcedor. Começar a olhar as situações com outra cabeça, com outra mentalidade, e não só isso, poucos dias depois ser campeão do Brasileirão, que era outra conquista. Foi outro momento mais de felicidade. Porque imagina você ficou aqui dentro do clube muito tempo e só escutava “Quando será para nós na Libertadores?” A primeira coisa que você lembra é de todas essas pessoas, de todas essas conversas nos bastidores – disse Loco Abreu.


– Aí dá pra ver também a força do torcedor do Botafogo, porque não é qualquer ou qualquer torcida que apanha tanto e continua lotando o estádio. Tem outra que larga, tem outra que fala “eu não quero ir de novo para ver perder o time, para ser sacaneado”. Mas a gente acompanhava. E aí na final da Libertadores, que eu fiquei embaixo e tinha a possibilidade de olhar, filmar, tirar foto, escutar as canções, ver o pai, o avô, o neto, filho, o amigo, ou seja, estava tava todo mundo junto lá abraçado. Ninguém sabia quem era o outro, mas todo mundo se beijando, abraçando, chorando. Então falei, que bom que aconteceu. Porque eu acho que o Botafogo merecia realmente ser colocado nesse lugar, ter essa possibilidade de ir ao Mundial de Clubes, o torcedor fazer aquela preparação de comprar o ingresso, comprar a passagem ir para lá, todo mundo falando dessa possibilidade que era a primeira vez para todo mundo. Então, para a galera nova, para as novas gerações, também vai ser muito importante, porque você vai pegar novas gerações, como a geração que a gente pegou, as gerações jovens de Nilton Santos, Garrincha, que era tudo peito para a frente com o time. Agora as gerações novas mantêm essa mentalidade, que vai ser muito boa para a reconstrução da mentalidade positiva que o clube estava precisando – acrescentou.


Loco Abreu comemorou saída de Tiquinho Soares do Botafogo


Apesar de parecer polêmico, o jogador explicou que a comemoração não era por achar Tiquinho Soares ruim ou nada do tipo. Muito pelo contrário.


- Ele estava perto de me tirar de maior artilheiro do Estádio Nilton Santos. Faltavam uns 5 ou 4 gols. E eu falava: 'será que esse cara não vai ser vendido?' Eu queria que ele fizesse gol fora do Nilton Santos e que arrebentasse, pra aparecer uma proposta de 7 milhões de dólares e falarem: 'manda embora! Vende ele porque ele já foi bem demais!'


De fato, Loco Abreu continua sendo o artilheiro da história do estádio. Ele tem 41 gols marcados com a camisa do Botafogo no Estádio Nilton Santos.



Leia outras declarações:

Chegada ao Botafogo


– Eu estava na Grécia. Só que lá tinha muito problema, né? Pagamento atrasado, a torcida brava. Tinha crise política, financeira, e aí eu falei, “pô, para chegar na Copa do Mundo desse jeito, acho que eu não vou chegar e vou perder o lugar pra outro, então vou ter que procurar sair e pegar um clube e uma liga que seja competitiva pra eu cuidar do meu lugar na seleção”. Aí eu estava lá na minha cidade e aí liga para mim um ex-companheiro meu dos tempos de Nacional. Aí ele falou “Loco, tem o Botafogo, você gosta?” “Porra, Botafogo? Lógico, cara, não tem muito para falar, pô. Botafogo, time grande, Rio de Janeiro, futebol brasileiro”. Aí eu tinha uma conta pendente porque quando eu fui no Grêmio não fui bem, então eu queria mudar a imagem que eles têm das minhas características.


– Aí entra André Silva, né, que foi quem olhou junto com Anderson Barros, para falar “não, a gente precisa, é perna de pau, mas ele tem gol, ele tem personalidade, acho que a gente está precisando para esse momento do clube”. E aí eles foram me procurar, já viajei, três dias viajei, já me apresentei. Aí, o melhor, acho que o momento que eu fiquei tranquilo, que eu falei “aqui vai dar tudo certo, não tem como dar errado”, é quando eu chego lá no casarão e quem entrega a camisa 13 para mim é Zagallo. Aí eu falei, “pô, estou abençoado, não tem como dar errado. O cara está entregando a camisa 13 pra mim, um cara que foi vencedor, um cara extremadamente competitivo, a cara também do nosso clube, eu falei, com esse cara tem que dar certo”.


Começo difícil


– Só que o início da experiência do Botafogo mostrou tudo o contrário. Eu falei, “pô, eu tenho muita moral, a moral acho que passou o limite, né?” Aquele primeiro jogo com o Vasco, 6×0. Tomamos de seis, e o treinador foi embora, aí realmente eu pensei, “pô, vai chegar outro treinador, vai me tirar”. O que acontece, minhas características como centroavante não têm nada a ver com o futebol brasileiro, né? Porque habilidade, que depois fui pegando, mas no início era, tabela vai para a área, tabela, vai cabecear, então estava por fora das qualidades do futebol brasileiro. E aí chega um treinador novo, eu achei que ele ia querer continuar com a cultura de centroavante do Brasil, né? Aquele habilidoso, rápido, potente, só que chegou o Joel, que ele adorava jogar como centroavante de área. Para fazer aquela que ele falava, “vem pra cá, tu joga pra ele, manda pro Loco, manda pro Gringo, que lá vai dar samba”. E aí a gente combinou bem.


– Mas aquele 6×0 foi a segunda rodada. No início do torneio já tomamos porrada. Aí, lembra aquele cara que queimou a camisa? Foi a única vez que eu não quis cumprimentar um cara. Porque depois que a gente foi campeão ele foi lá, né? O Joel pegou duas camisas, eu acho, e deu pra ele. O Maurício (Assumpção) convidou ele para entregar uma camisa nova e queria cumprimentar. Eu falei, não vou cumprimentar esse cara não. Comigo não. O cara sacaneou, queimou a camisa e ainda a gente foi campeão. Ia dar satisfação para ele. Me desculpa, mas não compartilho. Aí fiquei no vestiário, não saí. Não falei com ele.


Importância de Joel Santana


– No início, ele já pegou seus filhotes, né? Já tinha seus filhos. Pegou, assegurou e aí montou um elenco 4-4-2 para estar bem recuado, não tomar gol. E jogar a bola para a frente. “Não queiram mimimi aqui. Vai lá e joga pro gringo. Vai na segunda. É o Herrera. Faz sua bagunça aí. Tem falta? Joga na área. Vai dar samba”. E aí a gente começou aos poucos a ganhar confiança. Jogando fácil. Também acho que ninguém acreditava na gente porque você olhava o Vasco, Fluminense e Flamengo tinha um monte de craque. Então, os caras, se você vê, tinha mais elenco, de nome. A gente era pedreira, né? Aí, todos juntos, todos costa com costa, ninguém querendo olhar por cima de ninguém, sabendo que todo mundo tinha que sair desse momento ruim, começamos a ganhar. Só que chegou um momento que aquela forma de jogar tava ficando chata pra os demais. Eu jogava com o Fluminense, os caras queriam fazer pressão alta. A gente cascava, velocidade, gol, falta, escanteio, escanteio todo mundo ia pra área.


– E aí já na hora de chegar na semifinal da Taça Guanabara, a gente já estava com essa sensação de agora vai mudar. Os caras vão encontrar outro time. E depois chega a final com o Vasco. E a gente se olhava e falava “eles vão achar que vão pegar aquele time de vocês tranquilos, mas eles vão se encontrar com outro time”. Totalmente diferente. A gente ganhou de 2 x 0 tranquilo. Bem. Aí a gente foi campeão. Comemorou. Comemorou. Mas aí foi fundamental o Joel. Em qualquer outro time ou qualquer outro jogador no momento de sair da situação ruim e ser campeão da Taça Guanabara já relaxa, sabendo que tem a final. Pode acontecer qualquer coisa até a final. Mas aí o Joel chegou. Comemorou e já no outro dia já o cara novamente começou a puxar o grupo. “Aqui não é para ser medíocre. Aqui tem que ser para fazer história. A gente tem que ir para fazer história”. Era a primeira vez que a gente pode ganhar dois turnos direto sem final. Ninguém fez na história de Botafogo. A gente tem essa possibilidade. Então começou a mandar informação que para nós era fundamental. De uma situação ruim que ficou na história a gente podia mudar pra ficar uma história boa. E já esse outro torneio a gente já jogava tranquilo e jogava muito bem.


Mudança na relação com Joel


– Isso é o lindo de futebol. No início, pô, eu estava fechado mesmo, não vai dar, não vai dar. Reclamava pra caralho. Esse cara (Antônio Carlos) chegava “peraí, o cara é legal, você vai gostar dele”. “Não, pô os treinos que ele tem, não consigo. A forma de jogar, não consigo. Eu tava fechado. Aí a gente ia sempre ter bate-papo, né? Mas sempre com meu estilo, né? Reclamando alguma situação estática, reclamando algumas coisas do treino. Eu tenho esse problema que era de falar. Não aguentava ficar calado, né? Se eu fosse para casa desse jeito passava mal. Porque eu achava que minha responsabilidade era transmitir. E chega uma hora que quando é líder do grupo os líderes têm que tomar conta das sensações do grupo. Porque o garoto não vai fazer, porque o jogador que não tem tanta experiência não vai fazer. Então quem tem que fazer são os capitães. E muitas vezes tem que falar coisas que não todo mundo vai gostar. Mas tem que ser. E aí a gente deu aquela situação até que chegou um momento que eu também comecei a acreditar do que estava acontecendo. Comecei a acreditar quando vi que o grupo estava começando a ficar coladinho com ele. Estava começando a ficar fechado com ele, com a forma dele ter. Comecei a aceitar tanto tempo na concentração. Comecei a aceitar a forma de jogar. Aí eu também não sou burro. Falei “pô, peraí, vai ficar você puxando pra outro lado sozinho. Pô, vai lá. Se junta. Já era. O grupo está aceitando. Você tem que aceitar também”. Porque a única forma de que a gente consiga brigar é todo mundo junto. A gente não tinha craque. Então se todo mundo não puxava para o mesmo lado, dificilmente eu ia conseguir.


– E aí já no final, prévio a essa semifinal, eu já estava consciente que o cara conseguiu o mais importante. Que hoje desse lado eu valorizo muito. Fica sem tanta importância a metodologia, a tecnologia. Tem que ter, tem que ter. Mas para mim o fundamental é o comando do grupo. Como o treinador enxerga a informação e a mensagem para o grupo. Se o grupo compra o papo ou não compra o papo. E ele era ideal. Ele era um cara especial. Era um cara que conseguia rápido administrar o ego nosso, que o futebol tem muito ego. Administrar os evangélicos, os bandidos, os vampiros. Eu ficava com os vampiros, por aquele negócio do chopinho, o pagode. Esses eram os vampiros. Mas tinha a ligação com os evangélicos, com os gringos. Era muito boa a relação. Porque tinha também aquele costume de se juntar. Na concentração, aí convidavam a gente para participar. E para mim também uma experiência nova, que nunca tinha participado desse tipo de situação. Mas aí começou a dar aquela sensação de… A gente é diferente, mas na hora de entrar no campo, todo mundo quer o mesmo. Todo mundo coloca a camisa do Botafogo e vai para a frente. Todo mundo tem que dar porrada, bota porrada. Todo mundo tem que dar chutão, bota chutão. Todo mundo tem que acompanhar um companheiro que está passando mal, está todo mundo junto. Mas a virtude de quem foi? Joel. Joel construiu esse grupo forte. Por isso que hoje a gente mantém esse relacionamento. A conexão continua. No dia que eu fui colocar os pés lá no Maracanã, quem foi lá para prestigiar a gente foi ele. Então, o bom de futebol é você também aceitar que estava errado. E aproveitar o momento. Se eu ficasse na minha, ficando muito egocêntrico, seguramente eu ia puxar pra trás e a gente não ia conquistar. E eu ia perder a possibilidade de conhecer essa pessoa fantástica que é Joel.


Importância do título de 2010


– Foi há 15 anos, mas na verdade esse jogo marcou a gente no clube. Com certeza. Botafoguense não, mas fora dos botafoguenses falam título carioca, sem expressão. Mas por conta de ter três anos consecutivos perdendo a final para o Flamengo, chegar no quarto ano, que ainda eles podiam empatar a gente no recorde de quatro títulos consecutivos. Era a pressão de cortar essa possibilidade de empatar o Botafogo com os quatro títulos consecutivos e ainda cortar o jejum de três anos consecutivos perdendo pra ele. Então tinha muita coisa envolvida naquele jogo.


– Só que eu lembro que foi com Fluminense na semifinal da Taça Rio o Joel falou “se a gente ganhar hoje, pode ir pegando a faixa. Se a gente ganhar hoje, pode ir preparando a faixa que vamos ser campeões”. Mas faltava a final, né? Ele já tinha aquele convencimento na cabeça porque o grupo tava forte. Aquele dia lá aquela saída da concentração em General, lotado de gente, de torcedor. Mas dava pra perceber a cara deles, a alegria de estar na final, a metade já era alegria e a outra é “será que a gente vai perder de novo com os caras?” Não consigo viver assim. Pô, a gente foi com eles. Entrou no Maracanã lotado. Aquele jogo, aquele calor que tinha. Eu sempre falo sabe quando fica naquela resenha tomando um chopinho e já começa meio que a delirar? E fala o que você gostaria? Pagaria qualquer coisa para pegar aquela máquina do tempo e tem dois dias apra querer voltar só pra curtir realmente porque a gente não curtiu pela a pressão que tinha.


– Um é para a semifinal da Copa do Mundo, contra a Holanda, para ver se a gente consegue virar o jogo e a outra é voltar a jogar essa final com o Flamengo. Mas para curtir, porque na verdade foi muita pressão. Foi pressão na verdade porque a gente sabia que era o momento nosso. Ou era ficar dentro do bolo da sacola medíocre, perdedora, ou ficar na lembrança para a vida toda. Lógico que eu não sabia que ia acontecer a cavadinha, que me catapultou a ficar na história para a vida toda. Mas para aquele grupo era ter aquele reconhecimento principalmente para jogadores que vinham de um ano também poderem desfrutar desse momento. Então, a pressão foi muito e aquele jogo também foi… A gente faz gol, eles empatam, aí fazemos 2×1 e aí vem faltando um pouco o pênalti que Jefferson pega e no final todo mundo lá dentro da área, dando bico para qualquer lado, chutando para qualquer lugar, pintando a toda hora cruzamento, ir pra um lado, ir pra outro e aquela sensação que já era contagiosa, né? A gente vai tomar gol, pô, vai tomar gol, vai para os pênaltis e fudeu. Na hora do final, nos escanteios todo mundo lá “Não dá para tomar gol, cara. Não dá pra tomar gol, joga para lá, não tem problema não, vamos juntos”. Por isso quando o cara apitou o final tira essa mochila das costas. Uma alegria aqui comemorando aqui, outra lá em General Severiano. A torcida chegando, famílias chorando, voltar a ser campeão foi fantástico. Só que como passou o tempo, no momento você acha conquista, beleza. Só que foi passando o tempo e parece que foi no ano passado. Por mais que a gente tenha sido campeão do Brasileirão e da Libertadores, eles te falam agora “a gente ganhou esses dois, mas aquele não dá para esquecer. Aquele está marcado na pele. É para sempre”.


Cavadinha


– Era aquele momento que o goleiro deles estava em fase fantástica, ele vinha pegando pênaltis. Acho que tinha pego os últimos cinco pênaltis, estava sendo avaliado para a seleção, para ir para a Europa. Então quando ele veio aquela situação de pênalti, pensei “esse cara vai se jogar, não vai ficar parado. Está naquele momento grandão, vai querer pular e pegar o pênalti. Peguei a bola e pensei “tem que ser cavadinha”. Só que claramente eu errei na força da batida. Aí quando eu vejo que a bola continua subindo, falei, “nossa senhora, desce, desce, desce”, aí a rosca que chegou a bola, toca na trave e fica dentro. Acho que também a forma de bater o pênalti faz parte da história. É a forma que tem o torcedor também curtir de outro jeito A gente rompeu o jejum e desse jeito, ou seja de cavadinha.


Botafogo no coração


– O Botafogo foi e vai ser parte da minha vida sempre. É um lugar que só de olhar o escudo lá em casa, que está no meu museu, automaticamente faz esse viagem ao Rio, ao Nilton Santos, aos momentos vividos. Por isso que a gente sempre quer voltar. Eu preciso ir uma vez ao ano ao Rio e aqui ao clube, para matar a saudade. Se eu não faço isso, é a mesma coisa quando você tem o compromisso de ir ver um familiar no cemitério, que tem esse compromisso o ano todo, e passar a dar os parabéns ou a curtir esse momento espiritual. Bom, aqui eu tenho que uma vez ao ano estar. Se eu não faço isso, para mim a temporada não vai ser boa.


Participar do Botafogo PodCast


– É um momento especial para você, mas realmente quem agradece sou eu porque o que eu consigo com isso, fazer aquela viagem na hora que a gente está batendo um papo, aquele buraco de não ser mais jogador do Botafogo está ficando feliz, por quê? Porque voltar a viver um momento fantástico em um clube que eu quero muito, que amo, que sou torcedor, eu agradeço que passa o tempo e continua a mesma ligação, continua o mesmo carinho, o mesmo respeito, o mesmo amor com a família. E a única coisa que tenho pra falar é muito obrigado por tudo o que vocês normalmente transmitem para mim, hoje tem as redes sociais. que fazem também essa possibilidade de estar em contato direito e estão continuamente mandando mensagem falando “o Loco é nosso, o Loco é do Fogão”. A história no Botafogo e o Botafogo é especial. Só tem que conhecer para poder opinar. Eu não tenho palavras pra poder definir O que é o Botafogo. Só tem que curtir, tem que ir lá, tem que curtir, tem que sofrer, se sabe sofrer, vai curtir. Essa é a lenda real que a gente vive. Mas muito obrigado por esse momento, por esse espaço, por fazer esse viagem. E tomara que não seja a última, que tenha outra possibilidade de estar ficar com vocês.

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