O Botafogo venceu a Universidad de Chile por 1 a 0 e garantiu a classificação às oitavas de final da Libertadores. Após a partida no Estádio Nilton Santos, o técnico Renato Paiva enalteceu a participação da torcida antes e durante o jogo. Os alvinegros fizeram a clássica "rua de fogo" na chegada do time, um mosaico e apoiaram durante os 90 minutos, mesmo quando Jair foi expulso.
Assista a coletiva abaixo:
— Disseram ali dentro que jogamos com 10 por muito tempo. Não jogamos, não. Começamos com 12 e quando o Jair foi expulso jogamos com 11. A torcida deixa qualquer profissional desse clube sem palavras. Começamos a ganhar o jogo na recepção que tivemos no ônibus, o mosaico fantástico, gerar um ambiente de grande apoio e de alguma intimidação ao adversário. Perceber onde está e onde veio jogar — afirmou Renato Paiva em entrevista coletiva.
— Depois, naquele momento em que era mais fácil entrar em descrença, não acreditar, dizer "ih, outra vez...", foi o momento em que eles equilibraram o jogo da forma que fizeram. Um apoio constante durante os 90 e muitos minutos. Era praticamente impossível ganhar ou manter a vantagem durante o jogo se não fosse primeiro o 12º jogador. Depois o 11º. A primeira palavra é de agradecimento à torcida pelo trabalho que fez antes e durante o jogo. Foram fundamentais — completou.
Renato Paiva também analisou a partida e se disse orgulhoso do rendimento do Botafogo. Lembrando o que aconteceu na final da Libertadores de 2024, o Alvinegro também ficou a maior parte do jogo com um a menos depois da expulsão de Jair aos 27 minutos do primeiro tempo.
— É uma vitória que demonstra muito a marca desse grupo de jogadores. Não é a primeira vez que acontece e nem a primeira vez em momentos de muita tensão em decisões. Isso demonstra a capacidade de acreditar, lutar e defender esse escudo da estrela solitária. É uma marca deste grupo. Vou para casa de coração absolutamente cheio e me sentindo um dos treinadores mais orgulhosos do mundo ao liderar esse grupo de jogadores — comentou o treinador.
Paiva foi perguntado sobre o que diria a Carlo Ancelotti após a atuação de gala do atacante Igor Jesus. O treinador preferiu não se meter muito depois de o jogador ficar fora da primeira lista do italiano, que esteve no Nilton Santos, como comandante da seleção brasileira.
— Eu não vou dizer nada ao Ancelotti porque não precisa, é o treinador mais vencedor do mundo. Hoje ele veio aqui exatamente para ver os jogadores. Tudo aquilo que eu disser ao meu colega Ancelotti é redundante porque ele certamente viu com muita atenção. A partir daí, eu nunca interferiria num trabalho que não é meu, é dele. Ele tem a grandíssima responsabilidade e dificuldade de escolher uma relação de jogadores num país, para mim, maior e melhor na produção de jogadores e da seleção mais vencedora. Acho que ele já tem problemas suficientes, ele tem olhos para ver, tem uma experiência enorme. Se e o telefonasse, não seria para sugerir o Igor. Seria para desejar toda sorte do mundo e que é um grande orgulho para o povo brasileiro e para ele também treinar essa seleção.
A vitória fez o Botafogo se classificar com o segundo lugar do Grupo A com 12 pontos. Mesma pontuação do Estudiantes, que venceu o Carabobo por 2 a 0. Mas o time argentino teve três gols a mais no saldo e levou vantagem no critério de desempate em relação ao alvinegro. Líder antes da última rodada, a La U termina em terceiro, deixa a Libertadores e vai para os playoffs da Sul-Americana.
O Botafogo ainda tem dois jogos antes do Mundial de Clubes. No domingo, visita o Santos às 16h (de Brasília) e na quarta-feira encara o Ceará em casa, às 20h (de Brasília). Os dois jogos são pelo Brasileirão.
Jogo
— Não foi só no querer, se olharmos para o jogo, nosso adversário joga muito bem com bola. Poderia ter vindo para cá e se fechar lá atrás com um bloco muito baixo e não abdicou do 5-3-2. Mas, de fato, tiveram mais a bola, assim tinha de ser. Mas a grande oportunidade é um arremate de longe que vai no travessão e uma cabeçada que a bola passa longe. De resto foi uma vitória da compreensão tática dos jogadores do que é preciso fazer sem nunca deixar de ameaçar a baliza adversaria. Era fundamental para não sermos ameaçados e deixarmos o adversário sempre sentindo o momento que tínhamos, especialmente quando recuperávamos a bola. Acho que as oportunidades foram mais claras do que as deles. Fizeram uma fase de grupos muito boa. Por tudo, é merecido.
Allan
— Está demonstrando cada vez mais a importância nesse grupo. Não começou bem a temporada, as pessoas perguntavam por que jogava o Patrick e não ele. Porque estava muito mal de início em termos físicos. O treinador tenta sempre jogar com os melhores e naquele momento o Patrick estava melhor que o Allan. Os jogadores não jogam comigo pelo nome. O Allan, se não está em condições físicas e esportivas, não jogará só porque se chama Allan. Hoje, graças ao seu trabalho, dedicação e profissionalismo, ele conseguiu construir uma forma física e esportiva que permita fazer o jogo que fez contra o Flamengo, contra o Capital não foi por um problema pessoal e hoje voltou a entrar e dar sinais. Depois vem para cá o senhor Ancelotti, que gosta muito do Allan, que andou com ele durante muito tempo. Nunca se sabe.
Trabalho começa a andar?
— Esse tipo de confiança ou desconfiança vem com os resultados, exibições e decisões que tomamos que nem sempre vão agradar a todos. Contra o Flamengo, as pessoas queriam que eu fizesse substituições, eu entendi que não. Outras acharam que eu pensei bem. Estou em uma posição, como qualquer treinador deste mundo, de que temos de tomar decisões. É algo que digo sempre: posso tomar decisões corretas ou erradas, mas há sempre uma justificativa. Sempre. Não tomo decisões porque sim, está sol ou chuva. Sempre me apoio no trabalho diário. E tenho essa vantagem com quem está de fora e só vê os jogos. A partir daí, nem Deus é unânime. Vou ser eu? Não posso pensar nisso, mas posso ter a consciência tranquila do que eu e meu grupo fazemos. Isso é inegociável.
Como foi a semana que antecedeu o jogo?
— A disciplina tática, de fato, é fruto do trabalho diário que fazemos. Desde que os jogadores tenham compreensão do jogo, nós podemos jogar em vários sistemas. O que fizemos hoje foi puxar o Gregore para trás e não deixar de ameaçar na frente com o Artur e o Igor, duas setas. O Marlon no meio distribuindo o jogo, o Cuiabano vindo de trás com sua potência e o Savarino solto. Se olharmos de forma mais pragmática, foi muito arriscado, mas eu precisava fazer (Risos). Porque precisámos ganhar. Mesmo assim, minha intenção nunca foi recuar. As substituições do Savarino e do Cuiabano têm a ver com questões físicas, nada mais. A equipes estava bem e entendeu bem o que tínhamos que fazer. EU sabia que, em desvantagem, a equipe chilena ia carregar mais para frente a linha, deixando espaço para atacar essas zonas. Foi aí que construímos, pronto. Eles cumpriram isso de forma fantástica. Nós falamos do Igor, que fez um trabalho fantástico. E o Gregore, que nem zagueiro é? E foi um monstro. E o Allan, o Barboza, o Danilo... Portanto claramente foi uma vitória da disciplina tática da minha equipe.
Covarde
— Lamento, mas as pessoas têm o direito de opinar em relação a mim. Não devem e não podem influenciar o meu trabalho no dia a dia. As minhas decisões são sempre em cima do trabalho, do dia a dia, do conhecimento dos jogadores que eles fazem. E obviamente a leitura tática que o jogo te pede. Os jogadores interpretaram perfeitamente o jogo, e momento nenhum ficamos na defesa e deixamos de atacar. O jogo quando começa em 0 a 0, você precisa acreditar em quem inicia a partida. Precisa acreditar em uma ideia, mesmo com um jogador a menos. Eu nunca fui e nunca serei covarde em relação ao jogo. Minha história como treinador desde o Benfica foi com um jogo propositivo e com o objetivo de fazer muitos gols. Mas você precisa ser responsável com o que faz. Depois do gol, precisa pensar em duas coisas: tem uma vantagem, mas a qualquer momento a vantagem é mínima. O empate pode vir a qualquer momento. Eu substituo quando vejo que a equipe precisa, e hoje vi que o time não precisava diante do que criamos. Então, fui controlando o 1 a 0, não deixando de procurar o 2 a 0, e caso chegássemos ao placar, poderia fazer outras movimentações.
Jair
— Durante 18 anos trabalhei com jovens. Vi seus crescimentos, vi os erros. Em especial no Benfica vi esses erros acontecerem porque estavam jogando uma Série B, em patamar profissional. Então, temos de estar preparados para isso. Qualquer profissional que começa na sua área é menos experiente. Vai cometer naturalmente mais erros. Não está em questão a qualidade do Jair. Depois do jogo, o abracei. Ele vai aprender com o erro. Mas não posso deixar de olhar para trás o que tudo ele tem feito. É importante ver o que fez e, mesmo assim, fazer o que pedimos. Não vou criticá-lo em algo o que treinamos e pedimos para ele fazer.
Igor Jesus
— Ele fez um jogo monstruoso, mas não posso olhar só para ele. Tenho de olhar desde o John até o Igor, mais os que entraram. Hoje a vitória é do coletivo. O Igor contribuiu bastante, em uma determinada faixa do campo, assim como outros que contribuíram. Seria muito injusto com esse grupo fantástico olhar só para o Igor.
Qual foi o detalhe que fez o Botafogo se classificar em segundo?
— Primeiro porque, se ficássemos nos números, o Estudiantes foi melhor do que nós. Nós não jogamos sozinhos, nem Libertadores, nem Brasileiro ou competição nenhuma. Temos sempre que dar algum crédito e mérito aos adversários. Obviamente que entramos na competição sendo os detentores do título. Muitas vezes as pessoas se agarram à teoria, mas no futebol muitas vezes a prática contraria a teoria e você não sabe o porquê. A verdade é essa. Se não ganhasse hoje, seria porque o Botafogo jogou com 10 e o adversário com 11, mas o futebol não tem lógica. Hoje nós fomos melhores que a La U, e na regularidade o Estudiantes foi melhor que nós. Porque nós, de fato, fora, em detalhes, não fomos tão competentes quanto o Estudiantes. No final de seis jogos tem que dar os parabéns a quem foi mais regular. É eficácia, nada mais que isso. Eu sinto que, se fizer um balanço qualitativo, não quantitativo, acho que no global fomos mais equipe que o Estudiantes e as outras equipes. Em questão de saber jogar, de interpretar os momentos do jogo. Acho que fomos mais equipe, mais completos e mostramos isso em casa. No 3 a 2 sobre o Estudiantes aqui, que todos sabem como foi, a primeira parte foi um amasso absoluto que vulgarizou uma equipe que acabou no primeiro lugar do grupo. Portanto são esses detalhes que o futebol às vezes te dá. Hoje o mais importante era passar. Queríamos passar em primeiro, não foi possível. Mas o objetivo foi concluído.