Era 23 de dezembro de 2011. Uma sexta-feira que marcou a história do Atlético de Madrid: Diego Simeone era anunciado como novo técnico colchonero. O ex-volante argentino, com duas passagens pelo clube, assumiria o time principal no lugar de Gregorio Manzano.
Naquele mesmo dia, mas no Rio de Janeiro, o Botafogo apresentava Oswaldo de Oliveira como treinador com vistas à temporada 2012, que ficaria marcada como a da retomada gloriosa especialmente com a chegada de Clarence Seedorf.
E pensar que alguns meses antes, as histórias de Botafogo e Simeone poderiam ter se cruzado...
Em entrevista ao site oficial da Fifa, o ex-diretor de futebol do alvinegro, Sidnei Loureiro, revelou que o nome do argentino esteve em consideração para assumir o Fogão após a saída de Joel Santana em março daquele 2011. À época, o argentino comandava o Catania na primeira divisão italiana.
"A gente estava reunido e discutindo: 'Vamos inovar, não vamos inovar, vamos trazer quem?'. Eu chego, então, para todo mundo e falo: 'Eu tenho um nome, o do Simeone. Fiquei estudando futebol com ele por oito meses e me surpreendeu como ser humano, em termos de humildade e caráter'. Porque como jogador a gente, como brasileiro, na verdade, não gostava dele porque ele batia em todo mundo, brigou com o Romário, era muito ruim jogar contra ele. Eu tinha essa visão e tudo mudou nesse curso que a gente esteve junto", contou.
"Foi uma risada na mesa, no entanto. A gente também vivia numa época - vamos dizer, 15, 16 anos atrás - que também não tínhamos tanta informação como hoje. E a reação foi na linha de 'como assim Simeone, está maluco?'".
"Não decidiram tentar e hoje muita gente lembra disso e fala: 'E se tivéssemos trazido o Simeone naquele ano, quem sabe o que teria acontecido?'. Mas, infelizmente, o que temos é apenas o 'se' nessa história", lamentou Sidnei Loureiro.
Caio Júnior foi quem assumiu o Botafogo naquela ocasião.
A história de Diego Simeone no Atlético de Madrid continua sendo escrita: nesses 13 anos e meio ou 4.931 dias, o técnico já conquistou duas vezes a LALIGA, duas edições da Europa League, duas Supercopa da Uefa, uma Copa do Rei, uma Supercopa da Espanha, além de chegar em duas finais de Champions League.
O Botafogo, no mesmo período, contabilizou 22 técnicos a partir de Oswaldo de Oliveira (Ramón Díaz, que não chegou a assumir o comando por causa de um problema de saúde, ficou fora da apuração). Mesmo em sua fase mais gloriosa, Artur Jorge não ficou após os títulos do Brasileirão e da CONMEBOL Libertadores, cabendo agora a Renato Paiva treinar o elenco no Mundial de Clubes.
Nesta segunda-feira (23/6), ao meio-dia no horário de Los Angeles (16h de Brasília), no Rose Bowl, o Atleti de Diego Simeone precisará vencer o Botafogo por um placar elástico para se garantir nas oitavas da competição. O Alvinegro joga por vitória e empate para ser líder do Grupo B; até mesmo derrota por dois gols de diferença lhe assegura uma vaga na próxima fase.
Como em um bom conto de fadas, "e se" Cholo tivesse assumido o Botafogo em 2011? É por isso que, no futebol, a realidade será sempre mais viva do que a imaginação.