Acorda Luís Castro, e ache o time ideal do Botafogo. A goleada sofrida pelo Palmeiras serviu para mostrar que time ainda está perdido com 3 meses de trabalho por Luís Castro

                                     

Trinta e três minutos do primeiro tempo. O Palmeiras vencia por 3 a 0, tinha acertado a trave de Gatito Fernández duas vezes e ainda viu um gol ser bem anulado por impedimento de Luan. Fossem os donos da casa um pouco mais eficientes na etapa inicial, o Botafogo iria para o intervalo com um placar elástico e possivelmente histórico no Allianz Parque.


O resultado final de 4 a 0 ficou até barato dado o domínio que os comandados de Abel Ferreira tiveram frente aos jogadores de Luís Castro. Claro que deve-se levar em conta que estamos falando do melhor técnico do país na equipe bicampeã da Libertadores, mas a apatia mostrada pelo Botafogo no primeiro tempo fez lembrar aquele time rebaixado com rodadas de antecedência. Foi fácil jogar contra os cariocas.


Luís Castro levou a campo uma escalação que não deu certo. Na tentativa de evitar os avanços do Palmeiras - e, principalmente, de Dudu - pelo lado direito de ataque, o português colocou Daniel Borges na lateral esquerda com Hugo mais avançado, de ponta. Não funcionou. Os dois primeiros gols saíram por aquele lado e muitos ataques palmeirenses vieram de lá.


A Chuva foi caindo sem parar, e as coisas no Botafogo precisando se encaixar


O resultado e o futebol apresentados não tiveram relação com a ausência de Erison, fora por causa de dores no tornozelo. O Palmeiras, muito bem treinado por um técnico que está há quase dois anos no time, dominava o meio de campo, não deixava o Botafogo respirar e tinha bastante espaço para jogar bola e aproveitar os erros de posicionamento que o time adversário deixava - e que não foram poucos.


A apatia em campo é o que mais chama a atenção. É compreensível que o Botafogo perca para o Palmeiras fora de casa. Enquanto um tem um trabalho de dois meses, o outro tem dois anos. As mecânicas de jogo do time paulista são executadas em harmonia ao mesmo tempo que o Bota deixa buracos entre defesa, meio e ataque. Se o Botafogo demora para levar a bola de um lado para o outro no campo, o Palmeiras o faz com três toques.


O jogo contra os paulistas mostrou pela terceira vez seguida um time que joga com a linha de defesa alta, enquanto a marcação no meio de campo dá espaço para o homem que está com a bola. Isso facilita que a zaga seja pega desprevenida, com espaço nas costas. A marcação do Botafogo deu tempo e espaço para os adversários nos últimos três jogos e sofreu três gols (o da vitória do Coritiba, o primeiro do Goiás e o segundo do Palmeiras).


Se a manutenção de um esquema tático tem incomodado a torcida, Castro não esconde que é assim que gosta de ver suas equipes. Mesmo antes de chegar ao Botafogo, jornalistas portugueses que o acompanhavam na época que treinava modestos times do país europeu diziam que diante dos grandes, o técnico mantinha seu estilo. Acontece que contra o Palmeiras isso ficou longe de ser o adequado.


São padrões que ficam de lição. E se existe algo bom numa derrota dolorida dessa, tamanho o domínio adversário, é que o Botafogo não pode deixar que coisas assim se repitam. O time está a um ponto da zona de rebaixamento e precisa vencer o Avaí para não correr o risco de entrar no Z-4 na próxima segunda-feira, às 19h (de Brasília), no Nilton Santos.


É justamente por doer na carne que o Botafogo precisa usar o jogo desta quinta como aprendizado. A derrota dói. Mas, assim como água oxigenada arde para curar, cabe ao todos o cuidado para não se cortar novamente. A questão não é perder para o atual bicampeão da América estando em um processo de construção. O que a torcida não aceita é a apatia e aceitação da dominação adversária.


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