A disputa pelo controle do Botafogo é acirrada, Textor, Iconic Sports, Ares Management e Eagle Football Holdings Limited disputam quem ficará futuramente na gestão


A tentativa de recompra da SAF do Botafogo por John Textor, com apoio financeiro do empresário grego Evangelos Marinakis, esbarra em uma condição imposta pelos executivos da Eagle Football Holdings, dona de 90% das ações da SAF, e hoje comandada pelos antigos parceiros do Norte-americano, como a ARES (fundo de investimento) que ajudou na compra do Lyon, e Michelle Kang (nova mandatária no Lyon), além de outras empresas como a Iconic Sports de James Dinan, Alexander Knaster e Edward Eisler. Os ex-parceiros de Textor, que romperam com o empresário em abril após o colapso financeiro do Lyon, não se opõem à venda do clube — mas não o venderão ao norte-americano enquanto ele continuar no comando da SAF. Para eles, a permanência de Textor à frente da operação cria um conflito de interesses, já que ele atuaria simultaneamente como comprador e vendedor de ativos. Além disto, a dívida de John Textor com o fundo de investimento da Ares Management está perto de 500 milhões de dólares (R$ 2,8 bilhões). A empresa entende que ele não tem condições de pagar. Assim, deseja tirá-lo do comando de todos os seus clubes. As ações de Botafogo e RWDM Brussels foram colocadas como garantias.



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O receio é que John Textor, mantendo o controle do Botafogo, possa tentar desvalorizar artificialmente o clube para recomprá-lo por um preço mais baixo. Uma das estratégias aventadas seria realizar transações com Marinakis — como compra e venda de jogadores — que prejudiquem o desempenho financeiro da SAF.


A Eagle já comunicou a Textor que só está disposta a negociar se ele deixar o poder. O empresário, por sua vez, se recusa a abrir mão do comando e segue tentando forçar a operação de recompra. Após tomar conhecimento da condição, criou uma nova empresa nas Ilhas Cayman, chamada Eagle Football Group, com o objetivo de adquirir o Botafogo, e tem buscado levantar tais recursos nas últimas semanas.


Nos bastidores, a Eagle Holdings Limited não considera a venda para Textor como a melhor alternativa. O cenário ideal, segundo fontes ouvidas pela reportagem, seria negociar com um terceiro interessado. Mas o tempo necessário para articular essa solução — somado ao imbróglio judicial envolvendo a SAF — torna essa saída improvável no curto prazo.


Outra possibilidade considerada pela empresa seria manter o Botafogo em seu portfólio, retirando Textor da operação e estabelecendo um novo entendimento com o clube associativo, sócio minoritário da SAF e detentor de direitos de veto e decisão sobre mudanças de controle. Essa alternativa, no entanto, é vista com ceticismo dentro da própria Eagle, já que o clube associativo permanece alinhado com Textor e não deseja sua saída.


Enquanto isso, Textor adota uma estratégia jurídica para ganhar tempo e preservar o poder. Na quarta-feira 30/7, a pedido da SAF — sob sua gestão —, a 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro congelou temporariamente qualquer mudança no controle do Botafogo e manteve o empresário à frente da operação. A decisão foi motivada por empréstimos feitos por ele próprio em nome da Eagle em 2024, e usados agora como fundamento para um processo de execução de dívida de 23 milhões de euros movido pela SAF contra a holding.


O conflito entre Textor e seus sócios, atualmente rompidos, se agravou após o rebaixamento do Lyon para a segunda divisão do Campeonato Francês, determinado pela Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG). Para evitar a queda, a DNCG impôs duas exigências: a saída imediata de Textor do comando da Eagle no Lyon — que foi cumprida — e a injeção de 100 milhões de euros no clube. Todos os acionistas da holding se mobilizaram para levantar o montante, com exceção do Norte-americano, o que selou a ruptura definitiva entre as partes.


O cenário atual não gera um impasse operacional imediato, já que a Justiça garante, por ora, a gestão de Textor na SAF. Mas o futuro do Botafogo está travado: de um lado, a Eagle, que não aceita vender enquanto o empresário permanecer no poder; de outro, Textor, que não aceita sair e quer comprar. No meio desse embate, o clube associativo, que não quer abrir mão do dirigente com quem mantém aliança. A disputa sobre o comando do Botafogo continua sem solução à vista. Porém ainda há soluções, como John Textor ceder os 90% que detém da SAF do Botafogo, negociar para outros Bilionários de confiança, para assim com novo ou donos donos, não ter este conflito de interesse que a Eagle Holdings e Ares Management alegam. Seria a solução menos danosa para John Textor num primeiro momento, perder 50% de 90% das Ações, ficar com 40% e o novo dono/donos ter 50% dos direitos de tais ações. Assim John Textor não perderia o Botafogo de forma definitiva, como a Eagle e Ares querem neste primeiro momento. O Botafogo associativo e Textor terão que negociar bem para não prejudicar o Fogão neste período.

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