Bagunça completa, time titular campeão desmontado, erros de John Textor em 2025: fazem Botafogo ser eliminado na Copa Do Brasil por incompetência desde o início da temporada


Na sequência da eliminação do Botafogo na Copa do Brasil, com derrota por 5 a 3 para o Vasco nos pênaltis (e empate por 1 a 1 no tempo normal), John Textor admitiu ter errado no comando alvinegro em 2025. No entanto, o empresário Norte-americano disse que não daria a lista de suas falhas "ou ficaríamos aqui a noite toda". Quais foram os principais erros do dono da SAF, afinal?


Demora para definir o comando técnico


Campeão do Brasileiro e da Libertadores em 2024, Artur Jorge teve sua saída oficializada em 3 de janeiro deste ano, mas o fim da passagem como técnico do Botafogo estava certo desde os últimos dias de dezembro do ano passado. Foram necessários 55 dias para que a busca por um sucessor chegasse ao fim com a contratação de Renato Paiva.


Nas palavras de Textor, mesmo com a demora, o Botafogo estava "à frente no planejamento" porque Paiva foi contratado em fevereiro - Artur Jorge foi contratado em abril, 43 dias depois da demissão de Tiago Nunes.


Insistência com Leiria

Enquanto o comando do time profissional não era definido, coube a Carlos Leiria assumir de forma interina. Contratado no início de 2024 para treinar o sub-20 do Botafogo, o treinador não conseguiu manter, em meio à transição, a identidade do time que havia acabado de ser campeão da Libertadores e do Brasileiro.


No total, foram apenas dez jogos no comando, com seis derrotas, quatro vitórias e a perda do título da Supercopa do Brasil para o Flamengo. Leiria foi questionado e saiu com fama de "cabeça dura" para a chegada do auxiliar permanente Cláudio Caçapa, mas citou recentemente ter se sentido exposto e pouco protegido.


Por fim, Carlos Leiria foi devolvido à base do Botafogo antes de ser demitido. Hoje, ele comanda o sub-20 do Campinense.



E Renato Paiva?

Paiva havia sido oferecido ao Botafogo por um intermediário ainda em janeiro, mas Textor optou por focar em outras opções - à época, os nomes na mesa para o comando do Alvinegro eram André Jardine, Tite, Roberto Mancini, Vasco Matos e Hernán Crespo, entre outros.


Não houve acerto com nenhum deles, e o nome de Renato Paiva voltou a ser considerado no fim de fevereiro. Enquanto o time se concentrava para a volta da Recopa Sul-Americana, treinador e empresário se reuniram em um hotel no Rio de Janeiro. Menos de duas horas depois, o português era o novo técnico do Botafogo.


O único trabalho prévio de Renato Paiva no futebol brasileiro havia sido pelo Bahia, em 2023, com direito a turbulências e resultados ruins. No Botafogo, a passagem teve altos - o maior deles na vitória histórica sobre o PSG na Copa do Mundo de Clubes - e baixos; Paiva foi demitido após a eliminação para o Palmeiras nos Estados Unidos e a polêmica do uso de três volantes.


Uma nova aposta

A transição pós-Paiva foi bem mais curta, mas terminou com um nome inesperado. Davide Ancelotti, sem quaisquer experiências na carreira como treinador principal, foi o escolhido para dar sequência ao projeto do Botafogo em 2025. À época, o clube justificou a contratação "com base em inovação, ambição e protagonismo internacional" no planejamento esportivo da SAF.


Davide Ancelotti tem oito vitórias, quatro empates e só três derrotas até aqui, mas o período decisivo e eliminatório da temporada coincidiu com oscilações comuns ao trabalho de um treinador iniciante. Tanto na Libertadores quanto na Copa do Brasil, o Botafogo foi merecidamente eliminado.


Ausência de reposições para Luiz Henrique e Almada

Principais craques do elenco que conquistou o Brasileiro e a Libertadores em 2024, Luiz Henrique e Almada foram negociados no início do ano. O ex-camisa 7 seguiu para o Zenit, da Rússia. O argentino foi emprestado ao Lyon, braço francês da Eagle Football, e posteriormente negociado com o Atlético de Madrid.


Em ambos os casos, Textor não contratou reposições que gerassem o mesmo desequilíbrio em favor do Botafogo. O substituto escolhido para Luiz Henrique na ponta direita foi Artur, que vive momento de baixa no Alvinegro. Para a faixa do campo antes ocupada por Almada, o escolhido foi Santi Rodríguez, que demorou a se adaptar e só fez sua primeira grande atuação contra o Bragantino.


Liberação de titulares

"Você tem que ser um campeão para os jogadores para ser um campeão para os torcedores". A premissa de Textor de não dificultar saídas para realizar os desejos de atletas, na prática, gerou a despedida de alguns titulares com as principais competições em andamento.


John, Jair e Igor Jesus foram negociados com o Nottingham Forest, da Inglaterra, e se despediram no meio do ano. Gregore também deixou o Botafogo, mas seguiu para o Al-Rayyan, do Catar, que pagou a multa rescisória.


Distanciamento do Botafogo e foco no Lyon

Textor não é mais presidente do Lyon, mas passou boa parte do primeiro semestre imerso na tentativa de salvar o clube do rebaixamento na França por uma grave crise financeira. O clube foi punido com a queda para segunda divisão no fim de junho e, dias depois, Textor renunciou ao comando, prometendo dar mais atenção ao Botafogo.


Nos primeiros dias de julho, a Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG) do futebol francês acatou o recurso do Lyon e manteve o clube na elite. Em nota, o Lyon agradeceu pelo reconhecimento da "ambição da nova administração do clube, determinada a garantir uma gestão séria no futuro".


— Eu vou passar muito mais tempo pensando na Eagle globalmente, voltando mais para o Botafogo. Tenho ótimos sócios no Eagle Football Group, acionistas que vão tomar à frente para lidar com assuntos que eu honestamente não fui muito bom para lidar na França. Estou ansioso para me reconectar com o Brasil. Nós vamos ficar bem lá (na França). Vamos colocar um rosto forte lá — afirmou Textor à TV Globo.


O carinho da torcida do Botafogo pela Copa do Brasil é inegável. A copa é, afinal, o grande título que falta ao Alvinegro no cenário nacional - e era a prioridade do clube no restante da temporada 2025 após a eliminação na Libertadores. Era. Após novo empate com o Vasco por 1 a 1, nesta quinta-feira, o Botafogo perdeu nos pênaltis por 5 a 3 e viu o rival avançar à semifinal.


Mais de dez pontos atrás do líder Flamengo, ainda que com dois jogos a menos, é possível que o atual campeão da América e do Brasileiro se limite a um fim protocolar na temporada 2025.


Começando pelo cenário dentro de campo no Nilton Santos. O técnico Davide Ancelotti fez mudanças no time titular, e duas delas já eram esperadas: Vitinho e Savarino no banco, visto que os dois estiveram com as seleções do Brasil e da Venezuela na data Fifa. O lateral-direito atuou por 60 minutos na altitude de El Alto na terça, e o meia só chegou ao Rio de Janeiro por volta de 5h da manhã desta quinta-feira.


Mas essas não foram as únicas modificações. Danilo sentiu um problema físico no treino de sexta-feira, só voltou a treinar na véspera do jogo e não tinha condições de ir a campo, apesar de ter sido relacionado - Newton formou a dupla com Marlon Freitas. Montoro, por sua vez, apresentou uma indisposição gastrointestinal, com quadro de vômitos. Santi Rodríguez ganhou a vaga pela ponta direita enquanto o titular Artur começou no banco.


A escalação do Botafogo foi: Neto; Mateo Ponte, Kaio Pantaleão, Barboza e Alex Telles; Newton e Marlon Freitas; Santi Rodríguez, Joaquín Correa e Jeffinho; Arthur Cabral.

O início de jogo foi mais favorável ao Botafogo, que logo chegou com Jeffinho e cabeceio de Barboza. O abafa sobre a saída de bola do Vasco, no entanto, não surtiu efeitos imediatos - e os visitantes conseguiram equilibrar mais o jogo e abrir o placar, aos 20, em falta cometida pelo zagueiro.


Coutinho mandou na direção do gol, Neto tentou encaixar, a bola bateu na trave e sobrou para Nuno Moreira, que tinha o gol vazio para si. A desvantagem no placar gerou alguns minutos de descontrole, erros em tomadas de decisão e excesso de cruzamentos, e o Botafogo poderia até ter tomado o segundo em finalização de Rayan.


Eis que, aos 40, Santi Rodríguez - o grande destaque do Alvinegro no primeiro tempo - deu passe para Correa, que foi oportunista para adiantar a bola no pênalti cometido por Léo Jardim, que saiu atrasado. Alex Telles converteu. Ainda houve tempo para levar perigo com cabeçada de Arthur Cabral e uma bomba de Ponte.


O segundo tempo começou com uma trocação mais franca, com ambos os times criando oportunidades principalmente em contra-ataques, mas o Botafogo perdeu ímpeto ofensivo a partir dos 20 minutos. As entradas de Vitinho, Savarino e Artur também pouco contribuíram; o ponta foi substituído 15 minutos depois de entrar em campo com um problema físico.


Matheus Martins foi quem mais participou dentre os que começaram no banco, mandando chute rasteiro para Léo Jardim espalmar. Fato é que o Botafogo voltou a sofrer com a pressão vascaína nos minutos finais de jogo, mas a igualdade no placar permaneceu.


Herói no tempo normal, Alex Telles foi o primeiro batedor do Botafogo na disputa de pênalti, que começou com Vegetti convertendo para o Vasco. Léo Jardim acertou o lado, fez bela defesa e jogou um balde de água fria na torcida do Botafogo. A disputa seguiu, e Neto saltou para o lado oposto em quase todas as cobranças - à exceção do chute de Matheus França. Resultado final: 5 a 3 para o Vasco e fim do sonho para o Botafogo.


Muitos olhos estavam voltados ao 2025 do Botafogo, que ampliou as expectativas sobre si mesmo após um 2024 histórico - a dobradinha de títulos do Brasileirão e da Libertadores, afinal, só havia acontecido outras duas vezes no futebol nacional. Os voos maiores, no entanto, também levaram a maiores frustrações.


Ganhar tudo em todos os anos é irreal, e saber perder é um dos valores que o futebol ensina desde cedo. Mesmo assim, há formas e formas de ser derrotado - e é difícil não citar novamente a figura de John Textor no planejamento esportivo do Botafogo para a temporada.


Dono da SAF alvinegra, o americano disse que não enumeraria seus erros em 2025 para que não ficasse falando a noite inteira. Algumas falhas são mais evidentes que outras e giram principalmente em torno da definição do comando técnico e de uma identidade para o time. E há uma frase que vai perturbar o sono da torcida do Botafogo: "a temporada começa em abril".


Levantar um debate sobre a extensão do calendário nacional não é nenhum absurdo. Mas a sensação que prevalece é que, enquanto rivais acatavam as circunstâncias de se jogar futebol no Brasil, o Botafogo - mais especificamente, Textor - foi otimista em excesso sobre o que conseguiria mostrar sem dar tanta atenção aos primeiros meses do ano.


Após a eliminação, o empresário voltou a repetir sua crença de que a temporada do futebol brasileiro só começa em abril. Se isso é um fato para o Botafogo, pode-se dizer que o calendário durou apenas cinco meses e "terminou" nesta quinta-feira.


O G-4 do Brasileirão passa a ser a prioridade, já que o título parece distante - são 12 pontos a menos que o líder Flamengo, ainda que com dois jogos de atraso. Poucos esperariam um fim de ano tão blasé e protocolar para um Botafogo que encantava o Brasil e a América há menos de um ano, mas este parece o futuro iminente.


O Botafogo volta a campo no domingo, às 17h30 (de Brasília), para enfrentar o São Paulo no Morumbis. A partida é válida pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, único torneio que resta ao time no ano.

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