O Botafogo vive um novo momento de transição no comando técnico, mas também de grande oportunidade para ter um novo acerto como foi no inesquecível e memorável ano de 2024. Após a demissão de Davide Ancelotti confirmada na noite da última quarta-feira 17/12, com vindoura vinda do novo treinador, o Fogão chegará a seu sétimo treinador desde que a SAF Botafogo foi implementada em 2022. A necessidade de estabilidade e continuidade nunca foi tão clara por John Textor, acionista majoritário e ainda controlador da SAF Botafogo. O que deixa lacunas no cargo de treinador, às vezes o técnico tem um determinado time, mas daqui 6 meses não. A hora do clube definir um projeto esportivo sólido também em elenco, e com um treinador que dure por pelo menos 2 ou 3 anos, precisa acontecer. Para isso, é essencial que o próximo treinador seja um profissional com perfil para consolidar o “Botafogo Way (Jeito Botafogo) — um estilo de jogo e filosofia que se torne a identidade do clube, como John Textor falou diversas vezes, incluindo após a demissão de Renato Paiva.
A Busca por Estabilidade: O exemplo do Legado de Abel Ferreira no Palmeiras
O futebol moderno está cheio de exemplos de treinadores que criaram legados duradouros em clubes com perfil competitivo, no passado Rinus Michels pelo Ajax, Johan Cruyff pelo Barcelona, Alex Ferguson pelo Manchester United, Arrigo Sacchi pelo Milan, Telê Santana e décadas depois Muricy Ramalho pelo São Paulo, Carlos Bianchi pelo Boca Juniors, José Mourinho pelo Chelsea e Inter De Milão ou Guardiola no Barcelona, Bayern De Munique e Manchester City entre outros. Um dos maiores exemplos recentes disso é o de Abel Fernando Moreira Ferreira que já está no Palmeiras por 5 anos e contando. O técnico português não apenas conquistou títulos importantes, como também construiu uma identidade de jogo clara e eficiente, algo que fez do Palmeiras uma equipe de sucesso dentro e fora do Brasil. A história recente do Botafogo, por outro lado, foi marcada por mudanças frequentes no comando técnico, que impediram o clube de criar uma cultura sólida no campo. Nem sempre a culpa foi do Botafogo, da diretoria ou de John Textor, é bem verdade, isto não pode deixar de ser citado.
Luís Castro foi para o Al-Nassr abandonando o ¨barco¨ com 13 pontos de vantagem para o segundo colocado no Brasileirão 2023, porém a escolha de Bruno Lage para ser o substituto não deu certo, e para piorar o Lúcio Flávio ¨passageiro da agonia¨ apelido dado por alguns torcedores, em alusão ao filme de mesmo nome, não deu certo, com Lúcio Flávio de forma interina o Botafogo, perdeu de forma vexaminosa com 2 derrotas de virada em jogos que pareciam ganhos contra o Palmeiras em 01/11/2023 e em 09/11/2023 para o Grêmio, ambos jogos por 4 a 3. Depois foi a vez de Tiago Nunes ter assumido e pouco fez, Fábio Matias que foi o único interino que deu certo, conseguiu acertar as coisas, além de bons reforços, para que Artur Jorge Torres Gomes Amorim, fizesse um ótimo trabalho até o final da temporada vencedora de 2024 com os títulos da Libertadores e do Brasileirão, Artur Jorge não renovou o contrato após a separação da ex-esposa Maria Marques, após um relacionamento com Hanna Santos, Textor não teve como fazer mágica nesta. O único erro foi a espera de 55 dias por Renato Paiva, não que Paiva era o melhor nome, mas se iria nele, após o André Jardine e outros nomes não terem aceitado, era melhor ter iniciado a temporada de 2025 com Renato Paiva, do que ter apostado no outro interino Carlos Leiria, que ficou marcado pela lesão de Bastos, contusão que tirou o zagueiro titular, de todo o restante da temporada. Paiva não foi unanimidade, porém é àquilo estava no lugar certo, na hora certa, e no dia certo... 19 de Junho de 2025, dia este que o Botafogo venceu o PSG, campeão da Champions League, pela segunda rodada da fase de grupos, no Grupo B do Super Mundial de Clubes, no Estádio Rose Bowl, na cidade de Pasadena, no condado de Los Angeles, no Estado da Califórnia, EUA. Depois desta vitória marcante, Renato Paiva não teve coragem, e foi eliminado para o Palmeiras nas Oitavas de Final naquele 28/06/2025 no Estádio Financial Field, na Filadélfia/Pensilvânia, EUA. Com isto Davide seria anunciado novo técnico do Botafogo em 6 de Julho de 2025, e apresentado oficialmente 2 dias depois em 8 de Julho. Porém Davide seria eliminado da Libertadores, da Copa do Brasil em 11 de Setembro, e não conseguiu fazer com o que o Botafogo pegasse uma classificação direta à fase de grupos da libertadores 2026. Agora 19/12 quando esta matéria é escrita, o Botafogo ainda não tem o treinador para a próxima temporada, que a busca não demore 55 dias, como foi nos tempos do Renato Paiva, e nem tampouco tragam qualquer nome em 5 dias. Tragam o nome certo entre 7 dias à 15 dias. Quem comanda as reuniões é Textor com Alessandro Brito e Léo Coelho.
O modelo de trabalho de Abel Ferreira é um exemplo a ser seguido. Sua capacidade de construir um time competitivo, com uma filosofia bem definida e que evolui ao longo do tempo, além de ser próximo dos ideias de Leila Pereira, Presidente do Palmeiras, é o que o Botafogo precisa neste momento um novo técnico que tenha um bom vínculo com Textor, e faça cobranças quando tiverem que ser feitas. A chegada de um treinador com um perfil semelhante ao do português seria um passo importante para a construção de uma base sólida no time, algo que ajudaria o Botafogo a se manter competitivo não só no curto, ou médio, mas também no longo prazo.
A Lição da Instabilidade: O Sétimo Treinador desde 2022
Com a saída de Davide Ancelotti, o Botafogo chegará a seu sétimo treinador em 3 anos, desde a chegada da SAF. Essa rotatividade de treinadores não só prejudica o desempenho da equipe, como também impede que o clube construa uma filosofia consistente e de longo prazo. A instabilidade no comando técnico faz com que o time não consiga encontrar uma identidade, o que reflete diretamente nos resultados com a troca de treinador ora a cada 5-6 meses outra a cada 8 meses à 1 ano.
A constante troca de treinadores também prejudica a confiança dos jogadores e atrapalha o planejamento estratégico do clube. Para que o Botafogo possa se consolidar como um time forte e competitivo, é necessário que a próxima escolha para o comando técnico seja assertiva e, mais importante, duradoura. O próximo treinador deve ser alguém com a capacidade de trabalhar com a base, integrar novas contratações e, acima de tudo, deixar um legado que perdure por pelo menos dois ou três anos.
A Necessidade de um Trabalho Sólido
O grande desafio agora é ter um projeto esportivo claro, que envolva um planejamento de médio e longo prazo. Para isso, o próximo treinador deve ser alguém capaz de estruturar uma equipe que não apenas ganhe títulos, mas que também seja capaz de se manter entre os melhores ao longo dos anos. Isso significa trabalhar com a base, desenvolver jogadores e adotar um estilo de jogo consistente que seja a base de todas as ações dentro de campo.
O “Botafogo Way” não pode ser uma utopia. Ele precisa ser uma realidade que os torcedores possam ver e apoiar. Isso envolve desde a forma como o time se posiciona em campo até a maneira como os jogadores se desenvolvem e como o clube é estruturado. O novo comandante deve ser alguém que entenda que o sucesso do Botafogo depende de um trabalho contínuo e de um compromisso com a filosofia a longo prazo.
O Futuro do Botafogo
Com a chegada de mais um treinador, o Botafogo tem a chance de reverter a tendência de instabilidade. Agora é a hora de garantir que o próximo técnico tenha não apenas a competência técnica, mas também a visão de longo prazo necessária para transformar o clube em um time de sucesso. O próximo desafio será encontrar esse treinador e permitir que ele desenvolva um trabalho duradouro, que seja capaz de consolidar o “Botafogo Way” e levar o clube a um futuro mais estável e vencedor.
Os torcedores esperam que o Botafogo não seja mais um exemplo de rotatividade constante, mas sim um clube que soube aprender com seus erros e investir em um projeto esportivo sólido, que lhe garanta o sucesso por muitos anos. A hora de ter o seu próprio Abel Ferreira é agora, e não podemos mais esperar.

